São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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População paga preço por segurança, diz comandante

DA REPORTAGEM LOCAL

O comandante do policiamento de choque da PM, Carlos Alberto de Camargo, pediu ontem a colaboração da população nas blitze realizadas pela polícia.
Segundo ele, cada pessoa tem "um preço a pagar" por sua própria segurança. "A cidadania tem um preço, que é suportar o desconforto de o próprio cidadão ser revistado uma vez. As pessoas devem entender isso como exercício da cidadania", disse.
Camargo acrescentou que os policiais também estão enfrentando uma situação nova, lidando com diversos problemas sociais.
"Há uma quantidade enorme de pessoas habitando as esquinas: bandidos, desempregados, pessoas praticando atos anti-sociais. Cada um receberá um tratamento diferente", contou.
Aprendizado
"Temos de ter coragem de admitir que estamos aprendendo a lidar com todos os personagens dos dramas sociais. O policial tem de ser treinado para tratar bem o cidadão. Isso só se aprende quando se está em contato com ele."
Além disso, segundo o comandante, ninguém está sendo tratado como delinquente. "Não vamos sair prendendo todo mundo. Se a pessoa abordada estiver sem documentos, será levada à delegacia, mas não estará presa. Chamamos até o Ministério Público para fiscalizar", disse ele.
Por outro lado, conforme a opinião de Camargo, a sociedade teria de mudar sua visão sobre a polícia. "As pessoas encaram o policial como um capitão-do-mato e se sentem humilhadas quando recebem uma repreensão ou passam por uma revista", afirmou.
"As pessoas têm de voltar a se chocar quando vêem uma norma ser violada. Hoje, o pai passa no sinal vermelho e o filho vê o sorriso de satisfação no rosto dele."
Ajuda
Para o comandante, a "maioria esmagadora" dos casos será resolvida na rua, sem a necessidade de conduzir a pessoa a um distrito policial. "E, dos casos que forem para a delegacia, a maior parte não vai resultar em prisão", afirmou.
O comandante também pediu ajuda à população no sentido de apontar possíveis casos de migração de "marginais" das áreas centrais para os bairros da capital.
Camargo disse que a operação, que prossegue hoje nas ruas centrais de São Paulo, só terá sucesso se houver uma ação integrada de órgãos públicos.
"Precisamos derrubar os muros e trabalhar em conjunto", declarou. Citou o SOS Criança -entidade da Secretaria Estadual da Criança, Família e Bem-Estar Social- como exemplo. "Eles só têm 11 agentes para cuidar de toda a cidade. Estão subdimensionados", afirmou.

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