São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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Woody Allen é ou não um Humbert Humbert?

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Os admiradores de Woody Allen sempre se fazem a mesma pergunta: será que os personagens que ele interpreta no cinema são a cópia carbono do Woody Allen da vida real? A especulação não é gratuita: muitos de seus personagens fazem análise, são ligados à psiquiatras ("Crimes e Pecados") ou recomendam fervorosamente à mocinha do filme que consulte um analista ("Play it Again Sam").
O Woody de carne e osso faz análise há trocentos anos e, segundo sua ex-mulher Mia Farrow, não sai nem para comprar lençóis sem antes consultar a analista.
Seus personagens vira e mexe gostam de música popular americana, vide "Play it Again Sam", "Manhattan" e "Tiros na Broadway". Na vida real, Woody toca clarinete com uma banda de jazz no Michael's Pub de Nova York às segundas-feiras.
Em "Manhattan" e "Maridos e Mulheres" o personagem vivido por Woody se apaixona por garotas com menos de 18 anos. Na vida real, ele foi acusado de ser uma espécie de Humbert Humbert -o personagem de Nabokov que se corrói de paixão por "Lolita".
Pois agora, Mia Farrow vem para confundir ainda mais o público. Ela acaba de lançar sua autobiografia, "Mia Farrow, A Memoir - What Falls Away" e tem dado as caras em vários programas de TV nos EUA para falar do livro.
Há que se desconfiar de quem passa a vida adotando crianças carentes, deficientes e refugiadas de guerra. Em se tratando de alguém como Mia, que nasceu e viveu em Hollywood, esse tipo de piedade mais parece uma forma brava de neurose.
Mas só para deixar o público ainda mais intrigado, no talk show de Larry King (CNN), semana passada, Mia disse que não foi ela quem denunciou Woody. Por lei, a psicóloga da filha adotiva do casal foi obrigada a comunicar à polícia que a menina reclamara de ter sido abusada pelo pai.
E quando King tentou traçar um paralelo entre o Woody que mantém um caso com a filha adotiva de Mia, Sun Yi, e o Woody que seduziu a ninfeta Mariel Hemingway em "Manhattan", ela desconversou: "Aquilo é um filme, é ficção".
Woody perdeu a guarda do filho legítimo e Mia afirma que deixou o menino, de 9 anos, trocar de nome "por que ele quis". Ou seja: ninguém ali bate bem. O mistério continua...

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