São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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BC fixa o teto do dólar em R$ 1,14

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central mudou ontem a banda larga do câmbio, que determina os limites oficiais para a cotação do dólar. O novo piso foi fixado em R$ 1,05 por dólar, e o teto, em R$ 1,14.
Até então, os limites eram de R$ 0,97 e R$ 1,06. O BC estudava reduzir o intervalo entre piso e teto, mas acabou mantendo a banda larga. A decisão foi precipitada devido à expectativa do mercado quanto às mudanças.
Isso não significa que a desvalorização do real será acelerada, mas apenas que a cotação do dólar vai se manter entre esses dois números. No dia-a-dia as cotações oscilam dentro de minibandas móveis.
"Mudamos a banda para mostrar que não haverá surpresas e bruxarias, como maxidesvalorizações", disse o diretor do Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco.
Expectativa frustrada
Desde janeiro, o mercado vivia sob a expectativa de que haveria mudanças no sistema de bandas.
Para o mercado, se o BC decidisse mudar o câmbio, isso ocorreria em março ou abril, quando o dólar chegasse perto do teto antigo de R$ 1,06. Ontem, o mercado de dólar abriu com cotação mínima de R$ 1,049.
A especulação sobre mudanças nasceu a partir de declaração do ministro Pedro Malan (Fazenda), que disse em janeiro que haveria "aperfeiçoamento" das bandas.
O BC estudava criar uma banda com intervalo menor. Assim, o teto da banda seria alcançado com maior rapidez.
Isso não ajudaria a combater os déficits comerciais (importações maiores que exportações), mas serviria para dar maior liberdade ao mercado. É que, dentro dessa banda menor, o BC atuaria menos no mercado e deixaria a cotação do dólar flutuar mais livremente.
Ontem, ao anunciar o novo intervalo da banda, Franco procurou exatamente dissipar essa expectativa de que haveria mudança no sistema.
"Resolvemos antecipar a mudança do intervalo, que só ocorreria em março ou abril, para mostrar que não haverá mudanças", disse Franco.
O diretor do BC disse ainda que as palavras de Malan foram mal interpretadas.
Minibanda continua
Segundo Franco, o sistema de minibandas também continua como já funciona -ou seja, sem nenhuma regra formal para a atuação do Banco Central.
Existem duas bandas cambiais: a larga e a minibanda. A larga -a que mudou ontem- funciona como um horizonte de longo prazo.
Ou seja: ao fixar o teto e o piso, o BC dá um sinal ao mercado de que, durante algum tempo, a cotação do dólar vai oscilar dentro de um intervalo.
O BC não diz durante quanto tempo o dólar vai ficar desse intervalo, mas o mercado estima que seja por um ano.
Isso porque o intervalo entre o teto e o piso, de 8,6%, é quanto o mercado acha que o real vai ser desvalorizado durante 12 meses.
A minibanda é um limite que o BC fixa e atualiza em períodos incertos, de cerca de uma semana.
Exemplo: para amanhã, a minibanda tem o piso fixado em R$ 1,05 por dólar e o teto de R$ 1,055.

LEIA MAIS sobre câmbio nas págs. 2-5 e 2-10

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