São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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Cota para carro não sobe, avisa Dornelles

BETINA BERNARDES
DE PARIS

O ministro da Indústria, Comércio e Turismo, Francisco Dornelles, disse ontem em Paris que as cotas para importação de veículos não serão aumentadas e que o déficit comercial deve continuar.
"A cota hoje é 50 mil veículos, elas não serão aumentadas e não poderão passar do ano de 1999. Se alguma coisa acontecer, ou elas ficam como estão ou são reduzidas", afirmou Dornelles.
Ele participou, na Câmara de Comércio e Indústria de Paris, de um seminário sobre investimentos.
O ministro afirmou que a reunião que será realizada em Genebra, na OMC (Organização Mundial do Comércio), é rotineira e tem por objetivo fazer uma avaliação das modificações que ocorreram no sistema automotivo de maio de 96 até agora, dar explicações sobre a medida provisória referente ao Nordeste e sobre a cota de 50 mil veículos.
"Na prática, essas cotas não vão ser aumentadas. Não temos nenhuma objeção que elas sejam diminuídas, mas minha posição é contra qualquer aumento de cotas e não acredito que vão ocorrer pressões grandes para aumentar."
Essas pressões não ocorreriam porque, disse o ministro, as grandes montadoras dos EUA, Japão e Europa "já estão no Brasil".
"O sistema automotivo brasileiro é uma realidade e não vai ser modificado", acrescentou.
Déficit
Em relação ao déficit na balança comercial, o ministro afirmou que ele deve continuar, mas que isso não o preocupa.
"A área externa está tranquila, há importações grandes, déficit, mas é uma importação salutar, que mostra a força da economia, e vamos reduzir o déficit com exportações", disse.
Segundo Dornelles, é preciso analisar esse déficit numa perspectiva ampla, considerando o montante de investimentos diretos, que atingiram US$ 9 bilhões em 96.
"Nossas reservas aumentaram. Além disso, o déficit comercial brasileiro tem uma importação sadia, 82% dela se constituindo de bens de capital, matérias-primas e combustíveis. Isso significa investimento no país, crescimento futuro e aumento de exportação."
Em relação às exportações, o ministro disse que há distorções. Cerca de 700 empresas têm a responsabilidade de 60% a 70% da receita das exportações e 30 produtos são responsáveis por mais da metade das exportações.
"Queremos engajar médias e pequenas empresas num esforço para exportar. Vamos lançar agora no Rio o Manual de Defesa Comercial. Os pequenos e médios empresários têm que saber como se defender no exterior de barreiras que possam ser colocadas às exportações brasileiras", disse o ministro.

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