São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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Empresário dos EUA vê abertura lenta

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo presidente da Câmara Americana de Comércio de São Paulo, Dan Miller, 48, criticou ontem o ritmo da abertura no Brasil, dizendo que o país "não é tão aberto quanto precisa ser".
Evitando, porém, entrar em rota de colisão com o presidente FHC, que qualificou de "precipitada" a abertura econômica brasileira, em discurso na semana passada em Roma, Miller afirmou que há momentos em que países ou indústrias precisam de tempo para tornarem-se mais competitivos no cenário global.
Após enfatizar que é um defensor do comércio livre, Miller afirmou que há, no Brasil, setores -como a indústria automobilística- que precisam da ajuda do governo por um certo período de tempo.
"Não se consegue modernizar equipamentos, treinar a força de trabalho e aumentar a produtividade da noite para o dia", disse.
Miller condenou, no entanto, a ajuda governamental a setores que não assumem um compromisso claro com a busca de competitividade.
Diálogo
Nascido no Estado de Indiana e formado pela Universidade de Harvard, Dan Miller está há quatro anos no Brasil. Ele é vice-presidente para a América Latina da Whirlpool, que tem participação acionária na Brasmotor, a holding que controla a Multibrás (fabricante de eletrodomésticos das marcas Brastemp e Consul) e a Embraco (produtora de compressores para geladeiras e freezers).
Ele assume a presidência da Câmara no dia 3 de março próximo, em substituição a Henrique Meirelles, presidente mundial do Banco de Boston, que cumpriu dois mandatos consecutivos no cargo.
Em seu primeiro contato com jornalistas depois de sua indicação para o cargo, Miller disse que não acredita que o recente tiroteio entre autoridades norte-americanas e brasileiras em questões de liberalização econômica seja uma ameaça às relações bilateriais.
"As divergências são normais, porque o importante é o diálogo. Houve retórica de lado a lado, mas a minha impressão é que o bom senso vai prevalecer."
As bases das relações Brasil-EUA foram estremecidas recentemente quando o subsecretário de comércio, Stuart Eizenstat, atacou o ritmo da abertura do setor de telecomunicações, e a representante comercial norte-americana Charlene Barshefsky colocou em dúvida o compromisso do país com a liberalização hemisférica.
Miller disse a solução para essas divergências é o diálogo.

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