São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Peronistas protestam na exibição de filme
RODRIGO BERTOLOTTO
Mais de 50 pessoas carregavam cartazes com os dizeres "Viva Evita, Fora Madonna" e gritavam insultos para os convidados especiais e para o diretor inglês Alan Parker. "Esse filme não é uma obra de arte. É uma agressão psicológica ao povo argentino", afirmou Alberto Brito Lima, líder da agrupação peronista Comando de Organização. A Confederação Geral do Trabalho, maior central sindical do país e uma das entidades herdeiras do peronismo, veiculou um comunicado de repúdio ao filme: "Evita, a defensora dos humildes, é uma vez mais insultada. Desta vez em forma de filme". A primeira projeção do filme atrasou 40 minutos em uma sala superlotada do centro de Buenos Aires. Alguns convidados tiveram que ficar nos corredores. O cineasta argentino Fernando Solanas, diretor de "Sur", classificou a superprodução norte-americana de "elementar e banal". "Pelo menos, o filme ajuda a colocar em debate certas figuras do peronismo", disse. O general Juan Domingo Perón chegou à presidência em 1946 e lá permaneceu até 1955. Seu maior feito foi incorporar socialmente a classe operária ao país. Sua mulher, Maria Eva Duarte de Perón, comandou a política social de sua administração, rivalizando em popularidade com o presidente. Críticas Para o editor da revista "El Amante Del Cine", Eduardo Antin, a intenção de fazer reviver o gênero musical se frustrou com "Evita". "As adaptações para o cinema de musicais do tipo Broadway nunca deram boas obras", afirmou Antin. "O filme parece um conto de fadas que acontece em um país remoto e não na Argentina. A primeira meia hora tem algum encanto, mas depois o filme fica muito chato", disse o crítico. Segundo Claudio España, crítico do jornal "La Nación", o filme de Parker é uma superprodução bem-feita que peca só pelo excesso de videoclipes. As opiniões são mais duras quando se vai para a imprensa popular. "Certamente, os argentinos vão desprezar esse filme. É muito chato e longo", analisa Alejandra Sola, crítica da rádio FM 100. "O filme é uma aberração histórica, colocando Evita como uma prostituta. E o mais terrível é que Parker acha que o que fez é verdadeiro", afirma Marita Otero, editora de cultura do jornal "Crônica". Texto Anterior: Ratinho 'brilha' mais que mexicanas Próximo Texto: 'Hustler' traz cartaz censurado de 'Flynt' Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |