São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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Netanyahu depõe à polícia sobre suposto acordo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, foi interrogado ontem em um caso que envolve um suposto acordo ilegal dentro de seu governo. O depoimento começou por volta das 18h (13h em Brasília) e durou mais de quatro horas.
A polícia investiga uma denúncia feita pela TV pública de que a nomeação de Roni Bar-On para o cargo de procurador-geral, em janeiro, seria parte de um acordo com o partido religioso de direita Shas com membros do governo.
Pelo acordo, Bar-On ajudaria o líder do partido, Aryeh Deri, em uma questão judicial em que Deri é réu, e, em troca, o Shas apoiaria o acordo de Netanyahu com os palestinos para a entrega de Hebron.
Bar-On permaneceu apenas algumas horas no cargo, porque juristas e políticos disseram que ele não tinha conhecimento legal suficiente para o cargo. Bar-On, Netanyahu e Deri negam o acordo.
O chefe das investigações, Sando Mazor, chegou à sede do governo, em Jerusalém, acompanhado de dois outros policiais. Netanyahu já os esperava e cancelou todos os compromissos da noite. Na saída, Mazor disse que o premiê respondeu a todas as questões.
O primeiro-ministro não é formalmente suspeito pelo acordo ilegal, mas os investigadores perguntariam a ele sobre os procedimentos para a distribuição de cargos em seu governo.
"Não temos escolha. Temos de interrogar o premiê sobre vários pontos. Trata-se de uma missão delicada, para a qual os investigadores se prepararam", disse o chefe da polícia, Assaf Hefetz.
Os policiais receberam ordens de interrogar Netanyahu "educadamente, mas com firmeza", segundo a imprensa. Foi a segunda vez que um primeiro-ministro de Israel depôs à policia. Shimon Peres fez o mesmo em 1986.
Além da questão jurídica, Netanyahu enfrentou ontem também um problema político. Ele proibiu um comitê do governo de discutir a criação de um assentamento entre Jerusalém e Belém (Cisjordânia) e adiou a decisão.
O projeto Har Homa prevê a construção de 6.500 casas na região. É uma questão difícil para Netanyahu. O veto a ele pode causar o rompimento da coalizão que o sustenta. Mas a aprovação pode levar a uma revolta palestina.
A imprensa diz que Netanyahu foi pressionado pelo presidente dos EUA, Bill Clinton, a congelar o projeto. Ele nega. Assessores seus dizem que ele acabará aprovando a construção.
Har Homa fica junto à parte oriental de Jerusalém, reivindicada pelos palestinos como capital de um eventual Estado seu.
A construção de novos assentamentos é defendida especialmente pelos partidos religiosos.
Mas ontem o jornal "Yediot Ahronot" disse que o Partido Nacional Religioso, que tem três ministros no gabinete de Netanyahu, decidiu abandonar a idéia da Grande Israel -isto é, que inclua a Cisjordânia. Segundo o jornal, a decisão foi tomada em uma reunião secreta realizada na noite de segunda-feira passada.

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