São Paulo, sexta-feira, 21 de fevereiro de 1997
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Deputados recebem reajuste de 100% para verba de gabinete

Mesa da Casa também dobrou teto para salário de assessores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Mesa da Câmara decidiu ontem aumentar de R$ 10 mil para R$ 20 mil a verba de gabinete dos deputados, utilizada para a contratação de assessores. O aumento era uma das promessas feitas por Michel Temer (PMDB-SP) na campanha pela presidência da Casa.
O salário máximo pago aos assessores também foi dobrado, de R$ 2.000 para R$ 4.000. Cada parlamentar pode contratar até 16 funcionários. A decisão tomada ontem representa um gasto adicional de R$ 5,13 milhões por mês.
O aumento da verba de gabinete vai ajudar a reeleger os deputados. Pelo menos a metade dos 6.000 funcionários dos gabinetes está lotada nos Estados e atende às bases eleitorais dos parlamentares.
Salários de R$ 500 ou R$ 1.000 podem representar pouco em Brasília e em grandes e médias cidades, mas são vistos como altos salários em cidades do interior, principalmente no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Há também, entre os funcionários dos gabinetes, dezenas de parentes de deputados, desde irmãos, pais, mães e filhos até sobrinhos e cunhados. Essas contratações representam uma melhoria da renda familiar do deputado.
O deputado Wilson Campos (PSDB-PE), primeiro-secretário da Câmara por quatro anos (de 93 a 96), explica por que são contratados parentes. Ele mesmo aderiu à prática e contratou um filho.
"Deixo um talão de cheques em branco assinados com ele. Com quem mais eu posso fazer isso?" Seu filho trabalha duas semanas em Recife e duas em Brasília.
Campos afirma que a maioria dos deputados mantém a metade dos funcionários no Estado.

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