São Paulo, sexta-feira, 21 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Morador de rua afirma não temer serviço

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A ansiedade estava estampada nos olhos e nos gestos apressados dos moradores de rua ouvidos pela Folha no albergue Glicério que vão tentar vagas de coletores de lixo.
O ex-vendedor Antônio Carlos Ribeiro da Silva, 41, que vive há seis meses na rua, já estava sabendo da novidade.
"Já tinha visto no jornal sobre as vagas e já tinha lido no painel da Comunidade São Martinho, onde eu almoço, lá no Belenzinho", contou Silva.
Pai de dois filhos, que vivem em Minas Gerais com sua ex-mulher, Silva diz que não teme o serviço pesado que pode vir a encarar. "Não tem problema. O último bico que fiz foi de carregador num depósito de ferro-velho. Ganhei R$ 10 por sete horas de trabalho."
O servente de pedreiro João Bispo Ribeiro, 28, natural de Aracaju (SE), mudou-se para São Paulo, em 1990, e foi discriminado ao tentar uma vaga de faxineiro por não poder comprovar endereço.
"Já estava tudo certo. Quando falei que estava morando num albergue, dancei", conta.
No último emprego, numa obra, trabalhou dois meses, morando na rua. Após receber o segundo salário, foi assaltado por trombadinhas e mudou-se para o albergue.

Texto Anterior: Como será a contratação dos moradores de rua
Próximo Texto: Entidades temem por não-contratação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.