São Paulo, sexta-feira, 21 de fevereiro de 1997
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Saúde tem apoio na 'briga' com Argentina

DA REPORTAGEM LOCAL

A Associação Médica Brasileira (AMB) convocou ontem uma reunião para demonstrar seu apoio à política brasileira de medicamentos na "guerra" com a Argentina. O encontro também tinha como objetivo demonstrar solidariedade e ao secretário de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, Elisaldo Carlini.
Por estar fazendo valer a legislação nacional relativa aos produtos farmacêuticos, Carlini é o personagem mais visado pelas críticas de países do Mercosul. "Eu cumpro a lei", diz Carlini.
A indústria farmacêutica argentina acusa a sua similar brasileira de estar criando barreiras não-tarifárias para a entrada de medicamentos sob o pretexto de proteger a saúde da população.
Participaram do encontro entidades da comunidade científica -como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, o Conselho Federal de Medicina, o Conselho Federal de Farmácia e a Academia Brasileira de Ciências- e representantes da indústria farmacêutica -como a Abifarma, associação que reúne os fabricantes de medicamentos e a Alanac, representante dos laboratórios farmacêuticos.
O principal foco de pressão do lado de nosso vizinho de Mercosul vem dos membros da Cilfa, associação que agrega laboratórios de capital exclusivamente argentino.
José Eduardo Bandeira de Mello, presidente-executivo da Abifarma, diz que "os argentinos estão querendo transformar a questão da indústria farmacêutica num mero problema de mercado". Para ele, a questão é, sobretudo, de saúde pública.
Embaixador argentino
Bandeira de Mello afirmou à Folha que o embaixador da Argentina no Brasil, Diego Guellar, o contatou por telefone para informar que não tem objeções à legislação brasileira no tocante à política da indústria farmacêutica.
"O embaixador me disse que só se opõe à questão do controle sanitário dos alimentos", disse Bandeira de Mello.
Nivelar por baixo
Na reunião, Carlini apresentou uma ata do Mercosul cujo conteúdo estabelece que, quando houver uma "harmonização" de leis entre os países participantes do bloco econômico, devem prevalecer as mais rígidas -que, no caso, são as brasileiras.
Carlini admite que as discussões sobre a questão farmacêutica têm que chegar a um ponto comum. "Mas não podemos e nem vamos nivelar por baixo."

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