São Paulo, sexta-feira, 21 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEM ARMAS

Aprovada pela Câmara dos Deputados e sancionada ontem pelo presidente da República, a criminalização do porte ilegal de arma é um avanço no combate à violência.
Cidadãos armados constituem não só uma fonte de abastecimento para os criminosos como também estão na origem de grande parte dos assassinatos por motivos fúteis. É desejável mesmo que a legislação progrida até a proibição geral do porte de armas de fogo no país, feitas exceções apenas a policiais e militares.
A licença para carregar armamentos resulta extremamente ineficaz para a defesa pessoal. Na larga maioria dos casos, as pessoas que reagem à abordagem de um delinquente perdem sua arma para o criminoso e muitas vezes são feridas ou mortas.
Se o crime organizado tem acesso a fontes de abastecimento no exterior e mostra-se até capaz de obter armas de grosso calibre, o pequeno assaltante, com quem mais frequentemente se depara o cidadão comum, utiliza em grande medida armas roubadas da população civil.
Ademais, o argumento de defesa pessoal abriga também o sujeito predisposto a enfrentamentos, que facilmente saca seu revólver sem necessidade e por motivos menores.
O absurdo caso do fiscal da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) assassinado no início desta semana pelo infrator que dele recebia uma multa de trânsito é apenas o episódio mais recente. Nos últimos anos, grandes cidades como São Paulo presenciaram muitas mortes devido a discussões de tráfego ou outras disputas pusilânimes.
Ineficaz para a segurança pessoal e propiciador de crimes estúpidos, o porte de armas de fogo precisa ser restringido ao máximo. A sociedade só terá a ganhar se tais licenças passarem a ser concedidas apenas em condições excepcionais. Contra o porte ilegal, enquadrado agora como crime, resta promover uma fiscalização verdadeiramente rigorosa.
A difusão de armas de fogo faz com que desavenças terminem em tragédias e ainda facilita a transformação do ladrão em assassino. Enquanto não for possível eliminar a violência, desarmá-la já será um enorme passo.

Texto Anterior: PRESERVANDO A ALIANÇA
Próximo Texto: Tolerância zero em tudo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.