São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997 |
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Chacina deixa 5 garotos mortos no Rio
SERGIO TORRES
A polícia suspeita que a chacina tenha sido praticada por seguranças da empresa de ônibus Transportes Santo Antônio Limitada. A direção da empresa não comentou a suspeita policial. O gerente Serafim Pedreira se recusou a falar com a imprensa. Quando o ônibus passava ao lado da subestação de energia do bairro São José, os garotos teriam tentado descer sem pagar a tarifa. Nesse momento, três homens que estavam na parte traseira do ônibus teriam se levantado e, de revólveres na mão, mandado o motorista parar. A porta traseira foi aberta e os meninos desceram, empurrados pelos homens, segundo o relato de passageiros. Os homens teriam obrigado os menores a deitarem em um gramado junto à grade da subestação, com as mãos dentro dos calções. Em seguida, dispararam. Cada garoto levou um tiro na cabeça, na altura do ouvido direito. Até o fim da tarde apenas três mortos estavam identificados: André Luís Filene, 16, Wagner Ramiro de Mello, 16, e André Luís Lopes Barreto, 15. Um outro garoto era conhecido na região pelo nome de Alan. A quinta vítima, que aparentava 12 anos, permanecia sem identificação no IML de Nova Iguaçu (20 km do Rio). Baile funk e fliperama Os garotos moravam em Belford Roxo. Eram amigos. Filene e Barreto estudavam na quarta série de um colégio público. Eles voltavam de Duque de Caxias, onde tinham brincado em um fliperama. A mãe de Barreto, Maria Dajuda, disse que o filho não usava drogas nem estava envolvido com criminosos. "O que ele e os amigos gostavam é de baile funk", afirmou. O delegado-titular da 54ª DP, Mário Azevedo, disse que o gerente será convocado a prestar depoimento, assim como o motorista e o cobrador do ônibus, cujos nomes permaneciam desconhecidos. "Todo mundo vai ter que vir aqui depor", afirmou o delegado. Motoristas da empresa disseram que os seguranças da Santo Antônio não viajam nos ônibus. Pessoas ouvidas ontem de manhã no local da chacina confirmaram a versão de que foram seguranças da Santo Antônio os responsáveis pela matança. O padrasto de Wagner Ramiro de Mello, Luís José da Silva, disse que um vizinho que estava no ônibus viu a chacina. "Ele me disse que os meninos avisaram ao cobrador que não tinham dinheiro para pagar. O cobrador chamou os seguranças, que mataram eles", afirmou Silva. A tarifa da linha custa R$ 0,50. Próximo Texto: 'Política estimula extermínio' Índice |
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