São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997
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'Política estimula extermínio'

DA SUCURSAL DO RIO

O juiz da 1ª Vara de Menores da capital, Siro Darlan, disse que a chacina de Belford Roxo é "o resultado previsível de uma política que estimula o extermínio, promovendo o policial que mata".
Ele ressaltou não saber se o crime fora cometido por policiais, e que a autoria ainda tem de ser apurada.
No Rio, o secretário da Segurança Pública, general Nilton Cerqueira, instituiu a promoção (de posto e vencimentos) por bravura, geralmente concedida a policiais que, em operações, mataram suspeitos. Desde a implantação da medida, aumentou o número de supostos criminosos mortos.
O juiz disse que os policiais, por ganharem pouco, "por mais R$ 10 ou R$ 20 no salário, fazem tudo". Ele se disse preocupado com a possibilidade de, no caso de a prática de promover por bravura ser revogada por "uma pessoa mais séria que assuma a Secretaria da Segurança", os policiais voltem ao extermínio paralelo.
A artista plástica Ivone Bezerra de Mello, dirigente da ONG (Organização Não-Governamental) Comitê Pour La Vie, que dá assistência a meninos de rua, afirmou que desde 1993 aumentou o envolvimento de jovens com drogas, o que as expõe mais à ação de traficantes, que cobram dívidas à bala.
"Trabalho há 13 anos na rua e nunca vi tanta droga com os meninos", afirmou. Segundo ela, entre os adolescentes, a preferência recai sobre cocaína, maconha e, em menor escala, crack. As crianças preferem cola de sapateiro.

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