São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997
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Criadores são garotos com jeito de "mauricinhos"

FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

em Curitiba
O Festival de Teatro de Curitiba nasceu da ousadia de um grupo de garotos, com idade média de 20 anos, depois de assistirem à última sessão da peça "New York por Will Eisner", encenada por Edson Bueno há cinco anos.
Os estudantes Cássio Chamecki, 18, de administração de empresas, e Leandro Knopfholz, 17, de engenharia elétrica, e o professor de história Victor Aronis, 26, deixaram o Teatro Guaíra (onde foi encenada a peça) e começaram a planejar o festival.
"Saímos do teatro indignados, porque, apesar de existir uma dezena de salas na cidade, apenas uma peça estava em cartaz. Sabíamos que era um setor a ser explorado", conta Leandro.
Sem nenhuma experiência na área cultural e quase nenhum contato, eles se tornaram sócios e fundaram a FTC Entretenimento, empresa que até hoje é responsável pela organização do evento.
Com jeito de "mauricinhos" e adeptos do estilo "yuppie", os garotos produziram um vídeo com a participação de artistas consagrados, entre eles Paulo Autran e Irene Ravache.
Com o clip embaixo do braço, bateram de porta em porta em busca de patrocínio para a "grande idéia".
A maioria dos empresários considerava praticamente inviável a proposta de fazer um evento teatral de grande porte fora do triângulo São Paulo/Rio/Belo Horizonte.
Falta de incentivos
Para piorar a situação, a produção teatral no início dos anos 90 sofria com a falta de incentivos para o setor cultural.
"Nós precisávamos de R$ 1 milhão para o projeto", lembra Knopfholz.
O primeiro a "comprar" a idéia foi o Boticário. Logo depois, o Bamerindus resolveu bancar a proposta, seguido pelo grupo Positivo e pela Vasp.
Já na primeira edição do festival os garotos conseguiram inaugurar duas casas de espetáculos na cidade: a Ópera de Arame e o Espaço 5.
Levaram para Curitiba profissionais de renome no teatro, como Gerald Thomas, Gabriel Villela e Antônio Nóbrega.
A repercussão nacional do festival e 20 mil ingressos vendidos incentivaram os garotos a dar continuidade ao projeto.
Nos últimos cinco anos, peças como "Sonhos de Uma Noite de Verão" (Cacá Rosset), "The Flash and Crash Days" (Gerald Thomas) e "O Burguês Ridículo" (Guel Arraes) ajudaram a consagrar o evento como um dos mais importantes do país.

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