São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997
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Oscar Niemeyer e Celso Furtado são cotados para integrar ABL

Mortes abrem vagas na Academia Brasileira de Letras

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Com a morte do antropólogo e acadêmico Darcy Ribeiro, integrantes da ABL (Academia Brasileira de Letras) já começam a articular duas candidaturas para ocupar a sua vaga: a do economista Celso Furtado e a do arquiteto Oscar Niemeyer.
Furtado, segundo um influente imortal que pede para não ser identificado, é um nome que o próprio Darcy já pensou em levar para a ABL.
Niemeyer, um amigo de longa data do antropólogo, também agradaria.
Mas, se Niemeyer aceitasse, ainda segundo esse imortal, acabaria eleito por unanimidade.
O arquiteto diz que a lembrança de seu nome é "simpática", mas que não aceitaria. "Não tem sentido, eu sou desenhista", afirma Niemeyer.
Mesmo assim, acadêmicos vão tentar convencer o arquiteto, por entender que a Academia Brasileira de Letras, assim como a academia francesa, é formada não só por pessoas do mundo literário, mas, pelo que consideram personalidades da vida cultural do país.
Três vagas
No ano de seu centenário, a ABL reabre suas portas, após o recesso, em 13 de março, com uma situação peculiar: existem três vagas a serem ocupadas, com as mortes de Darcy Ribeiro, do romancista Mário Palmério e do escritor Antonio Callado.
A eleição para a vaga de Palmério já está marcada: 25 de março. Há três candidaturas inscritas: a do filósofo Tarcísio Padilha, a do filólogo Leodegário Amarante Azevedo e a da poeta Olga Savary, todos do Rio de Janeiro.
A eleição de Padilha, um pensador e educador católico, membro da Sociedade Brasileira dos Filósofos Católicos, é considerada certa por alguns acadêmicos. Mas Amarante Azevedo também tem boa cotação.
Definido o ocupante da vaga de Palmério, os olhos dos acadêmicos se voltarão para os candidatos às vagas deixadas abertas com as mortes de Callado e Ribeiro. As duas vagas não foram ainda abertas oficialmente.
Essas vagas serão consideradas oficialmente abertas em 13 e 20 de março, respectivamente, nas chamadas sessões de saudade. Abertas as vagas, os candidatos terão até 60 dias para registrar suas candidaturas.
Depois, os acadêmicos têm mais 60 dias para avaliar as candidaturas, com visitas e conversas mútuas. Só então, as eleições serão marcadas.
Perfil ideológico
A eleição de Niemeyer ou Furtado não alteraria muito o perfil ideológico mais à esquerda representado pelo imortal Darcy Ribeiro.
Mas, para a vaga do socialista Callado, é possível a eleição de um candidato mais ao centro.
Com menos chance, deverá disputar a vaga o poeta e pintor José Paulo Moreira da Fonseca.
Como o voto dos acadêmicos é secreto, não é costume se revelar os preferidos.
Mas o ex-presidente da ABL Josué Montello dá a entender que Olinto deverá mesmo ser eleito para a vaga de Callado.
"Os dois têm representatividade cultural. Mas o Olinto tem uma obra mais extensa, traduzida em várias línguas. Ele tem toda uma vida dedicada às letras", elogia Montello.

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