São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Falta de treinamento torna equipamento inócuo

GILBERTO DIMENSTEIN
DE NOVA YORK

Computador sem treinamento de professor é desperdiçar tempo e dinheiro -essa é a conclusão de estudo produzido por uma comissão de educadores, contratados pela prefeitura de Nova York, para analisar o uso de computador em escolas públicas.
"Temos visto como modismo significou desperdício", afirma Frank Pignatelli, professor da Faculdade de Pedagogia Bank Street, considerada uma das melhores dos EUA. Essa faculdade administra uma das mais importantes escolas de primeiro e segundo grau do país, com uso intensivo de computador em sala de aula.
"É mais complicado do que se imagina", acrescenta Lynell Hancock, professor de assuntos de infância da Faculdade de Jornalismo da Universidade de Columbia e repórter de educação de várias publicações, entre elas a revista "Newsweek".
Há um consenso nacional de que todas as salas de aulas devem estar conectadas à Internet, a rede mundial de computadores, considerado indispensável ingrediente de ensino.
O presidente Bill Clinton se comprometeu a liberar verbas para ligar todas as escolas públicas à Internet até o final de seu mandato.
Os estudos de faculdade de pedagogia mostram que, até agora, não se mediu com precisão a eficiência do computador.
A razão: o professor não sabe manejar a máquina, encaixando-a num currículo.
"Muitas vezes apenas substituem a máquina de escrever ou lousa pelo computador. Torna-se, assim, inútil", afirma a professora Naomi Weiss, responsável pela criação de escolas comunitárias em Nova York, hoje envolvida com tecnologia na Faculdade de Pedagogia de Columbia.
O fundamental, dizem os pesquisadores, é primeiro saber o que se deve ensinar num computador; depois, como ensinar, o que exige reciclagem dos professores.
Há modelos, entretanto, que demonstram como o computador, se bem usado, aumenta a produtividade em sala de aula.
Considerada centro das mais avançadas experiências de computação na escola, a Dalton, uma escola de Nova York (US$ 1,7 mil a mensalidade) transforma o professor, em essência, num orientador. Na Dalton, todas as matérias são adaptadas ao computador -a própria escola desenvolve um elenco de software.
Eles estudam física, usando imagens diretas do telescópio Hubble. Ou fazem escavações arqueológicas virtuais através da tela.
"O aluno é estimulado a pesquisar, buscar sozinho e o professor tem de ser um conselheiro", defende Frank Moretti, que cuida do departamento de tecnologia da Dalton. Moretti chegou a sensores numa floresta.
Os sinais são transmitidos para a escola e, dessa forma, os alunos estudam ecologia.
No ano passado, compararam o desempenho dos alunos da Dalton com os de outras escolas e ganharam com ampla vantagem.

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