São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997 |
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PS das Queimaduras faz trabalho inédito
AURELIANO BIANCARELLI
O Pronto Socorro para Queimaduras, na região oeste da cidade, desenvolve alguns trabalhos pioneiros e inéditos no país. Um deles é a prevenção. Campanhas nas rádios e TVs estão derrubando a cada ano o número de vítimas dos fogos de artifício. A outra frente é o tratamento. Seu diretor, Nelson Sarto Piccolo, 39, é primeiro-presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras e representante para as Américas na Sociedade Internacional de Queimaduras. Sua prática, no entanto, é no PS das Queimaduras. Foi nesse hospital que ele iniciou o uso da pele de rã como curativo biológico após as grandes excisões. O Hospital das Queimaduras, como é conhecido, tem 32 leitos, centro cirúrgico, UTI e área para isolamento. Recebe queimados do Estado e casos graves da região Centro Oeste e Norte. Mais de 60% dos pacientes chegam pelo SUS -2% podem arcar com os gastos. "A queimadura tem a ver com a condição socioeconômica", diz fisioterapeuta da clínica, Cristina Lopes Afonso. A grande maioria é pobre. Segundo levantamento do hospital, 41% das vítimas têm até 14 anos. Cerca de 70% dos acidentes acontecem dentro de casa. O PS das Queimaduras foi fundado por Nelson Picolo, morto em 1988 e considerado pioneiro no tratamento de queimados no país. Desde sua fundação, em 1968, o hospital atendeu 123 mil pessoas (média de 170 por semana). A fisioterapeuta Cristina Afonso dedica parte de seu tempo a campanhas para prevenir acidentes com fogo. Ela teve 80% do corpo queimado em 86, quando ia viajar para a Alemanha. Para se vingar, o então namorado jogou álcool sobre seu corpo e ateou fogo. Cristina, que era de Curitiba, passou meses na clínica de Goiânia. "Gostei tanto que fiz um curso de fisioterapia e voltei para trabalhar aqui", afirma. Uma cartilha patrocinada por entidades como a Organização das Voluntárias de Goiás, Fundação Jaime Câmara e Universidade Federal de Goiás é renovada todo ano. Milhares delas serão distribuídas nas escolas do Estado. Em colaboração com empresas como a Etti, o hospital lançou campanhas alertando para o perigo dos fogos de artifício, do álcool nos churrascos e das panelas quentes nas cozinhas. Cartas foram escritas às fábricas de motos pedindo que mudassem a posição dos escapamentos ou colocassem sobre ele um protetor. Só em Goiânia, mais de dez pessoas por semana se queimam nos escapamentos. A cicatriz é para resto da vida. Texto Anterior: Fitoterapia tem 'linha de montagem' Próximo Texto: Samaritano opera com microcâmeras Índice |
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