São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Preço do café subiu 60% em dois meses

DO ENVIADO ESPECIAL

O preço da saca de café subiu 60% no mercado interno desde meados de dezembro até sexta-feira passada. E deve continuar em alta. Essa é a opinião de produtores e exportadores.
Um dos principais motivos para os preços aquecidos é a prevista escassez de produto para a próxima safra.
Maurício Miarelli, gerente do Departamento de Café da Cocapec (Cooperativa de Café e Pecuária), em Franca, acha que deverá faltar café para a comercialização no mês de maio, se o ritmo das vendas continuar aquecido.
O aumento do consumo no Brasil também tem ajudado na alta dos preços. O consumo interno no ano passado foi de 11 milhões de sacas e deve chegar a 12 milhões neste ano. Até o ano 2000, o consumo interno deve chegar a 15 milhões de sacas.
A importância do café para a economia do país é muito grande. Segundo o anuário estatístico Coffe Business, a produção ocupa área de 2,3 milhões de hectares.
O setor emprega 1 milhão de trabalhadores diretamente. De forma indireta, mais 3 milhões são empregados pelo setor.
Maior produtor e exportador mundial, o Brasil enfrentou sérios problemas nesta década. Muitos produtores abandonaram a cafeicultura. Quem ficou, espera a definição de cenário para, talvez, voltar a investir.
A safra 96/97 deve ter atingido 26 milhões de sacas, enquanto as exportações foram de 15,3 milhões, com crescimento de 7% em relação às do ano anterior.
A cafeicultura brasileira está espalhada por 10 Estados e no país são negociadas duas mil marcas do produto.
Como a maioria dos produtores já negociou a safra passada, o mercado está de olho na próxima.
Na quarta-feira a Abecafé (Associação Brasileira dos Exportadores de Café) divulgou estimativa para a safra 97/98. A produção deve atingir 23,2 milhões de sacas. Se confirmado, esse volume representa redução de 11% sobre o anterior.
Alguns produtores, no entanto, não concordam com as previsões otimistas da Abecafé. Para eles, a queda será bem maior, com a próxima safra não ultrapassando 20 milhões de sacas.
Somada a demanda interna e externa por café brasileiro, ela chega, em média, a 28 milhões de sacas por ano. As exportações do ano passado proporcionaram ao Brasil uma receita cambial (café verde) de US$ 1,72 bilhão. Esse valor é 29% inferior ao de 1995.
O resultado reflete os baixos preços praticados no mercado internacional no ano passado.
Em Nova York, um dos principais centros de comercialização do produto, o café acumulou alta de 35% nos últimos 30 dias.

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