São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Jornais são alvo da campanha

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

O governo também sufoca as publicações que desafiem a linha oficial. Em setembro passado, o jornalista Cui Enqing (pronuncia-se "entching") foi afastado do comando do "Diário da Juventude de Pequim", o jornal mais vendido na capital chinesa.
Cui fez o jornal abandonar a entediante tradição comunista de repetir apenas "os sucessos do governo" e passou a publicar um cardápio mais variado de reportagens. Assustado, o Partido Comunista afastou Cui.
A revista "Focus", de Shenzhen (sul), foi suspensa por duas edições depois de trazer, no ano passado, uma reportagem de capa sobre os 30 anos do início da Revolução Cultural, a fase de radicalismo comunista encerrada em 1976.
O Departamento de Propaganda do PC não queria que a Revolução Cultural voltasse a enfrentar as luzes de um debate público. Teme que uma discussão entre "conservadores" e "liberais" abale a "unidade partidária".
As punições não poupam também aqueles que criticam o PC por seu "excessivo liberalismo". Em agosto do ano passado, a "Trabalho Econômico", uma publicação mensal, foi suspensa porque publicou um artigo defendendo a "volta da luta de classes".
A revista criticava a introdução da propriedade privada, um dos sustentáculos das reformas de Deng. Segundo a "Trabalho Econômico", as mudanças ameaçam "destruir o socialismo" na China.
(JS)

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