São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997 |
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INQUEBRÁVEIS SUGADORES Banespa, Banerj, Banco do Brasil (em que o Tesouro teve de injetar R$ 8 bilhões no início do ano passado), entre outros bancos estatais, continuam projetando uma sombra sobre a sociedade brasileira. Os anos passam, mas os exemplos de rombos financeiros, letargia administrativa e socialização de prejuízos continuam como se tudo isso fosse normal. O que é pior, consagra-se a imagem de que banco público "não quebra". Não quebra, não é privatizado, não é liquidado. São inquebráveis sugadores do Tesouro Nacional. Desde o final do ano passado, dava-se como certo um acordo entre o governo federal e o governo paulista em torno do Banespa. Nas idas e vindas que desde então se prolongaram, já nem é possível dizer onde estão as resistências, com quem está a iniciativa. Mas os juros sobre a dívida do Estado com o banco continuam sobrecarregando a instituição. E, ainda no caso Banespa, há aspectos técnicos com amplas repercussões políticas, como a decisão de publicar ou não o balanço do banco para 1994. Tal publicação, revelando um patrimônio líquido negativo, exigiria uma apuração judicial mais extensa sobre os responsáveis pela administração do banco nos anos que antecederam a intervenção federal. Tal investigação é imprescindível. Enquanto a incúria na gestão das finanças públicas não receber punições exemplares, toda a socialização ou federalização dos prejuízos será sempre uma solução danosa. Há, entretanto, uma questão de fundo que vai além das responsabilidades por lesões ao patrimônio público. Trata-se de avaliar o verdadeiro sentido da existência de grandes bancos públicos, numa época em que finalmente avança o processo de privatização de estatais em vários setores da economia brasileira. Afinal, foi exatamente a possibilidade de direcionar politicamente o crédito que levou a situações de descalabro. Além de punir os culpados e apressar a privatização ou liquidação nos casos em que for necessário, é uma tarefa urgente desestatizar o sistema financeiro brasileiro. Próximo Texto: COMÉRCIO É POLÍTICA Índice |
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