São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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A volta de Bornhausen

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O presidente Fernando Henrique Cardoso sondou o embaixador do Brasil em Portugal, Jorge Bornhausen, e ficou tudo resolvido:
Bornhausen será o próximo ministro de Assuntos Políticos de FHC quando vier a reforma ministerial.
Vai ocupar uma função que já desempenhou para Fernando Collor.
Como em política não se combinam coisas com muita antecedência, o acerto é apenas prospectivo.
A idéia é que Bornhausen desembarque no Brasil para assumir em junho. Nesse mês deve estar resolvida de uma vez a emenda da reeleição no Senado.
Também ajuda nessa operação o fato de Bornhausen não estar propenso a disputar cargos na eleição de 98. Poderia, portanto, ficar no cargo enquanto FHC tenta se reeleger.
O embaixador em Portugal está obcecado pela idéia de fortalecer o seu partido, o PFL. Não considera fundamental disputar uma eleição para dar prosseguimento a esse trabalho.
Nessa equação, só falta FHC escolher uma saída para o seu atual ministro de Assuntos Políticos, o deputado federal Luiz Carlos Santos (PMDB-SP).
Enganam-se os que acham que FHC simplesmente marcou um xis nas costas de Luiz Carlos para descartá-lo a qualquer momento. Isso não é verdade. Houve um momento de estremecimento na relação entre os dois, quando vazou a tal lista de pepebistas devedores do Banco do Brasil.
Mas isso é episódio superado. FHC é grato a Luiz Carlos pelos trabalhos prestados. O presidente acha que seu ministro político serviu muito bem de "buffer", como dizem os norte-americanos, para amortecer o assédio que os parlamentares costumam fazer ao Palácio do Planalto.
É certo que Luiz Carlos será, no mínimo, candidato a deputado em 98. Isso quer dizer que ele vai ter de se desincompatibilizar de qualquer cargo em abril do ano que vem.
Isso torna as coisas ainda mais difíceis para FHC. Com a vinda de Bornhausen em junho, terá de encontrar algum ministério para abrigar Luiz Carlos só por alguns meses.

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