São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Mãe-de-santo paulistana

GABRIELA MICHELOTTI

A paulistana Mãe Sandra, que professa o candomblé africanizado
Embora São Paulo não tenha uma tradição em candomblé antiga (os primeiros terreiros só surgiram na década de 60), uma mãe-de-santo paulistana tem se tornado popular no Brasil.
Sandra Medeiros Epega, 49, é muito diferente de sua "colega baiana". Branca, nascida na Vila Mariana e educada em colégio de freiras, só teve seu primeiro contato com um terreiro aos 18 anos.
Sandra sofria havia três meses desmaios sem explicação médica. Seu pai procurou uma mãe-de-santo, que diagnosticou um "encosto" (espírito de morto). Sandra saiu do terreiro iniciada em Xangô. Nove anos depois, fundou sua casa, o Ile Leuiwyato, em Guararema (72 km a leste de SP).
Mãe Sandra professa a Tradição-dos-Orixás, um candomblé mais africanizado, sem interferências do sincretismo brasileiro-católico. Em vez de mãe-de-santo, considera-se mãe-de-orixá porque "os orixás não são santos, são deuses; isso é uma deturpação causada pelo catolicismo".
Mãe Sandra não gosta também de falar em terreiro ("aqui é um templo, terreiro é coisa de escravo") e feitiçaria ("coisa de brasileiro que gosta de conseguir as coisas pelo caminho mais fácil").
A proposta inovadora de Sandra pegou e hoje ela cobra R$ 90 por consulta. "Recebo empresários, políticos e pessoas conhecidas."
Sandra gostaria que sua herdeira fosse Leonor, 19, a filha mais nova. Mas, pela tradição ioruba, o orixá Orunmila é que decide sobre a sucessão. "A escolha final é feita por Orunmila, por meio do ifá, jogo de 16 búzios, que será feito por um sacerdote de grande poder adivinhatório, depois que eu estiver morta", diz Sandra.

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