São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Importação deve bater recorde este ano

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma série de desvantagens colabora para a decadência do algodão brasileiro, como a falta de financiamento para comercialização, a colheita manual e sua qualidade inferior frente ao importado.
Além disso, o algodão importado costuma receber subsídio em seu país de origem.
O Brasil irá importar este ano um volume recorde de algodão, 600 mil t, que irá custar US$ 1 bilhão, segundo Andrew Macdonald, coordenador do comitê de algodão da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil).
Atualmente, diz Macdonald, o algodão nacional está sendo negociado, em média, a US$ 1,87/kg.
O algodão importado sai pelo mesmo preço, mas a indústria tem prazo para pagamento de até um ano, com juros de 6% a 8% ao ano, e custo de importação de 15%.
"Antigamente era vantagem importar algodão. Hoje não. Mas falta algodão nacional no mercado", diz Macdonald, que também é diretor da Alpargatas Santista Têxtil S/A.
Ele explica que a redução da safra brasileira começou após a queda mundial de preços em 92, provocada por países da ex-URSS, que venderam algodão a preços baixos para levantar divisas.
Com isso, agricultores brasileiros tiveram que vender algodão por um valor que não cobria os custos de produção.
Em 94, os bancos não financiaram a colheita, o que, segundo Macdonald, provocou a migração de produtores de algodão para outras culturas.
"Com o Plano Real, o algodão não acompanhou o processo de desenvolvimento agrícola, mas não adianta discutir quem errou. Se não tivermos matéria-prima, a indústria têxtil também não terá futuro no Brasil", diz Macdonald.
Representantes da indústria têxtil brasileira e produtores de algodão estão elaborando um plano para retomar a produção nacional.
Uso de novas sementes mais produtivas, tecnologia para plantio e colheita e financiamento para a mecanização são prioridades.
Ney Dias dos Santos, gerente da Câmara Setorial do Algodão, do Ministério da Agricultura, diz que o governo está liberando R$ 200 mil por produtor para financiar a produção, além de liberar a importação de colheitadeiras.

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