São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Falta de comida ameaça marcha

MST tem provisão para apenas 25 dias

LUIS HENRIQUE AMARAL
ENVIADO ESPECIAL A LIMEIRA

Os sem-terra da Marcha Nacional pela Reforma Agrária, Emprego e Justiça podem ficar também "sem comida". O estoque de arroz e feijão dura 25 dias. Faltam 51 para terminar o protesto. Ontem, eles chegaram a Limeira (156 km a noroeste de São Paulo).
"Contamos com a ajuda das comunidades por onde passamos", diz Rogério Machado, que coordena os 18 integrantes da equipe de alimentação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Até ontem, oitavo dia da marcha, a qualidade comida tem sido aprovada pelos sem-terra em marcha.
O cardápio básico é arroz, feijão e o que eles chamam de guisado (carne moída).
Os sem-terra têm apenas duas toneladas de arroz e duas de feijão que foram recolhidas nas cooperativas agrícolas de assentados do MST. Elas são carregadas em dois caminhões das cooperativas.
Verduras, legumes e carne têm sido doados por comunidades católicas e prefeituras das cidades por onde a marcha tem passado.
Nas refeições, os pratos são fartos, mas não pode repetir. O controle é feito por senhas. Cada um tem seu prato e garfo. Para beber, só água.
A rotina da comissão de alimentação inclui noites sem sono. É à noite que o feijão que será servido no almoço e no jantar do dia seguinte é cozido.
Às 4h, quando o feijão fica pronto, começa a ser preparado o café da manhã. No cardápio, café com leite e pão com manteiga.
Às 8h, começa a preparação do arroz e das outras "misturas" em dois fogões industriais, um de seis e outro de quatro bocas. Usam oito panelas. Quatro com capacidade para 15 kg de arroz e quatro para 8 kg.
O cardápio não é preparado por nutricionistas. Tudo é na base da intuição. "Tentamos conseguir bastante alface porque ele refresca a pessoa por dentro. Mas é o que a gente menos tem", diz Machado.
Ontem, os sem-terra deixaram Americana e caminharam 25 km até o centro de Limeira, onde realizaram um ato público de protesto contra o que chamam de "perseguição" de Justiça contra os líderes do MST do Pontal do Paranapanema (oeste de São Paulo).

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