São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grupo mata funcionário no PA

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM (PA)

Um grupo de homens armados matou a tiros anteontem um funcionário da fazenda Volta do Rio, em Curionópolis (630 km ao sul de Belém), sudeste do Pará, na segunda tentativa de invasão da fazenda em pouco mais de um mês.
Uma equipe da Polícia Civil de Marabá (500 km ao sul de Belém) resgatou ontem o corpo do funcionário identificado só por José Edilson. Segundo o delegado regional Vicente de Paulo Costa, Edilson levou pelo menos dez tiros.
"Como o corpo estava todo crivado de balins (estilhaços de chumbo de cartucho de espingarda), não temos ainda um número exato. O laudo da perícia fica pronto em dez dias", disse Costa.
Emboscada
Segundo o dono da fazenda, Délio Mutran, o funcionário foi emboscado no pasto por pelo menos dez homens armados, que fugiram para a área de floresta.
No dia 24 de janeiro, a fazenda sofreu a primeira invasão. Não houve mortes porque os 17 funcionários da fazenda abandonaram a área, temendo um tiroteio com os invasores. Quatro dias depois, os invasores deixaram a área.
A Volta do Rio faz fronteira -cerca de seis quilômetros de cerca comum- com a fazenda Macaxeira, invadida há pouco mais de um ano pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
A polícia investiga, além da disputa pela terra, ligações entre as duas invasões e a existência de uma quadrilha de ladrões de gado. A direção do MST nega qualquer articulação com esses invasores.
Devido às invasões, o dono disse que retirou da fazenda, de 3.600 hectares (25 vezes o parque Ibirapuera), cerca de 90% das 2.700 cabeças de gado que criava na área.
Duas vistorias feitas pelo Incra (a segunda, no ano passado) atestam que a área é produtiva.
São Félix do Xingu
Cerca de 150 trabalhadores rurais sem terra ocuparam ontem de manhã a sede do Incra em São Félix do Xingu (680 km a sudoeste de Belém). Eles reivindicam a desapropriação de uma área de 3.000 hectares no município.
Segundo o líder dos sem-terra, Isaías Botelho Carmo, eles não saem do prédio sem um acordo com a Superintendência Regional de Marabá, que, até as 18h, não havia entrado em contato com os trabalhadores rurais.

Texto Anterior: Falta de comida ameaça marcha
Próximo Texto: UDR faz carreata com 150 pessoas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.