São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Joãosinho Trinta fala a grupo de empresários sobre motivação

Carnavalesco dá dicas sobre como tratar funcionários

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

A fórmula do sucesso da produtividade das empresas pode ser resumida em uma palavra: alegria. Foi o que ensinou o carnavalesco Joãosinho Trinta a um grupo de empresários reunidos na CNI (Confederação Nacional da Indústria), no Rio.
Joãosinho arrancou risadas da platéia ao defender a sesta obrigatória como forma de aumentar a produtividade. "Vocês estão rindo? É uma verdade científica. Se tivesse uma cama ou uma rede nas empresas, os empregados renderiam bem mais", disse o campeão do Carnaval deste ano pela Viradouro.
Citando a "cultura oriental", Joãosinho explicou a diferença entre as relações de trabalho em uma empresa e uma escola de samba.
Perguntado por que os funcionários de uma indústria vão para o trabalho tristes e os trabalhadores do barracão de uma escola estão sempre alegres, ele disse que a razão é a "alma-grupo".
"Os pássaros não têm alma individualizada, mas sim uma alma-grupo. É a mesma coisa com uma escola, onde todos trabalham felizes. Se a gente deixasse, todo mundo morava no barracão."
"Confúcio já dizia, faz o que tu gostas e deixe de trabalhar. Eu não trabalho, e faço o que gosto. Se fosse obrigado a trabalhar, a fazer o que não gosto, morreria de fome", disse.
O carnavalesco deu dois exemplos opostos de como a satisfação dos funcionários pode influir na produtividade.
Certa vez, disse aos funcionários de uma fábrica de equipamentos para hemodiálise que eles produziam mais alegria que uma escola de samba, porque salvavam vidas e deveriam pensar nisso no momento do trabalho. Meses depois, o presidente o informou que a produtividade havia aumentado.
No outro lado da moeda, um grupo paulista o chamou para animar os funcionários. Ele descobriu com o motorista do presidente que o executivo havia dado à ex-mulher R$ 10 milhões e apartamentos.
O motorista estava infeliz, porque não era valorizado, enquanto a ex-mulher do presidente havia conseguido uma fortuna. "Se o motorista do presidente, que é um funcionário privilegiado, estava infeliz, imagine os outros", disse.
Joãosinho desistiu da palestra: "O que eu ia dizer para ele?"

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