São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Mercosul tenta acordos bilaterais na AL

DENISE CHRISPIM MARIN
DA ENVIADA ESPECIAL AO RECIFE

O Mercosul quer acelerar as negociações de acordos de livre comércio com os países andinos e as discussões das reduções de tarifas de importação com o México.
Essa decisão independe das negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Está relacionada às perdas de competitividade dos produtos dos países do Mercosul, em especial o Brasil, no comércio com seus vizinhos.
"Não se trata de maquiavelismo, de maquinação para articular a região contra os Estados Unidos", afirmou o ministro Renato Marques, diretor-geral do Departamento de Integração do Itamaraty.
"Se não fizermos esses acordos, vamos sofrer as preferências concedidas aos outros países."
Avanço mexicano
No último ano, produtos mexicanos conquistaram maior espaço nos mercados da Venezuela e da Colômbia que os brasileiros. Isso foi possível por causa de acordos bilaterais firmados entre esses países e o México.
As negociações do Mercosul com o México também estão direcionadas para um acordo de livre comércio no futuro. Ontem, representantes do bloco se reuniram para redefinir a lista de produtos cuja tarifa pode ser reduzida no comércio com o México.
A lista deverá estar pronta para as discussões que ocorrem em 18 e 19 de março, na Cidade do México. Nos dias 13 e 14 de março, as negociações sobre o acordo com os países andinos serão retomadas em Lima (capital do Peru). Ambas as agendas devem estar concluídas até 30 de setembro.
"O Mercosul negociará com os países andinos da forma que quiserem", afirmou Marques. "Vamos negociar com eles em bloco, individualmente ou das duas formas."
Entraves
As negociações com a CAP (Comunidade Andina de Países), formada pelo Peru, Equador, Bolívia, Colômbia, Venezuela e Bolívia, estão emperradas por conta de suas diferenças internas. Não há consenso no bloco sobre sua tarifa externa comum.
Em dezembro de 1996, Mercosul e CAP deveriam ter concluído as negociações sobre as normas do acordo. Isso não ocorreu. A Bolívia escapou desse entrave, avançou nas negociações e firmou acordo de livre comércio com o Mercosul -que ainda não está em vigor.
A Venezuela demonstrou a mesma intenção de negociar individualmente. Mas foi boicotada pelos demais sócios da CAP, que decidiram que a negociação deve se dar de bloco para bloco.

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