São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Lucro do Unibanco cresce 84% em 1996

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Unibanco encerrou 1996 com um lucro contábil de R$ 285 milhões, valor 84,4% superior ao do ano anterior. A rentabilidade sobre o patrimônio líquido (retorno sobre o capital investido) foi de 13,2%, acima dos 7,9% de 1995.
O balanço, a ser divulgado hoje, é o primeiro a embutir integralmente os efeitos da incorporação dos ativos bons do falido Banco Nacional, em novembro de 1995.
Segundo o presidente do Unibanco, Tomas Zinner, no ano passado encerrou-se definitivamente a incorporação das 579 agências e postos de atendimento do Nacional, com a interligação total das duas redes.
Zinner não quis precisar quanto do desempenho do Unibanco em 1996 foi consequência da fusão com a parte boa (a ruim está em processo de liquidação pelo Banco Central) do ex-banco carioca.
"Não fazemos essa distinção. Apagamos o Nacional da memória, é algo que não existe mais. Todos os nossos clientes são do Unibanco. O Nacional é um cadáver", afirmou Zinner.
Retirando logo depois a expressão "cadáver", Zinner reconheceu que a operação envolvendo o moribundo banco da família Magalhães Pinto foi mesmo um ótimo negócio. A fusão tornou o Unibanco o terceiro maior conglomerado financeiro privado do país, com ativos da ordem de R$ 26,3 bilhões, uma rede total de 636 agências e 2,2 milhões de clientes ativos no varejo (pessoas físicas).
Antes da quebra do Nacional, o Unibanco tinha 850 mil clientes.
Além dessa expansão, o Unibanco ganhou uma receita extra com o falecido Nacional ao vender, para a massa falida sob gestão do BC, créditos contra o FCVS, um fundo destinado a cobrir os subsídios concedidos aos mutuários do Sistema Financeiro da Habitação.
O FCVS é considerado um grande "mico" no sistema financeiro, pois não há previsão de reembolso por parte do governo. A dívida remonta a R$ 50 bilhões, dos quais R$ 10 bilhões foram resgatados pelo governo na crise bancária pós-Real, como garantia dos empréstimos de liquidez (dinheiro em caixa) do BC aos bancos falidos. Quem, como o Unibanco, havia feito provisões contra os calotes do FCVS conseguiu repassá-los para a frente, obtendo entre 35% e 50% do valor devido.
O Unibanco obteve uma receita de R$ 182 milhões, após os impostos, com a venda de FCVS, disse Zinner. Bradesco, Itaú, Real e Safra também fizeram a operação.
Cerca de 60% do lucro do Unibanco em 96 foram obtidos por equivalência patrimonial, isto é, transferência de lucros de empresas nas quais o banco tem participação acionária (Credicard, Prever, Fininvest, Interchange Serviços e seguradora do grupo).

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