São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Os japoneses voltam a investir no Brasil

TAKANORI SUZUKI

Desde a segunda metade da década de 60 até a década de 70 houve uma grande onda de investimentos japoneses direcionados ao Brasil.
Porém, a partir da década de 80, os japoneses paralisaram seus investimentos no Brasil, em decorrência dos problemas advindos da dívida externa acumulada e da inflação alta e crônica do lado do Brasil, especialmente durante o período de 86 a 91, quando foram aplicados cinco tratamentos de choque.
Em virtude de seu fracasso e consequente moratória, os japoneses passaram a concentrar seus investimentos na Ásia, deixando de lado o Brasil.
Os europeus e americanos já haviam retomado, pouco a pouco, seus investimentos no Brasil, a partir de meados de 92, acompanhando a política de liberalização e internacionalização da economia brasileira, já prevendo a sua estabilização, ao passo que os japoneses ainda não manifestavam seu interesse pelo Brasil.
No fim de janeiro de 1994, quando voltei ao Japão e contatei vários empresários e executivos, fiquei surpreso ao constatar uma enorme falta de informações atualizadas sobre o Brasil, que já se encontrava em plena fase de transição.
O Plano Real já tinha começado e achei que não deveria deixar que as coisas fluíssem assim, razão pela qual tomei a decisão de escrever, em japonês, o livro "Brasil: O Despertar de uma Grande Nação", a fim de poder fornecer as informações e expor detalhes sobre o novo Brasil, bem como sobre a sua economia, aos empresários e executivos japoneses. O livro foi lançado em Tóquio em fevereiro de 1995.
Não existindo outro similar, o livro tem sido lido por várias pessoas, particularmente pelos homens de negócios, funcionários de alto escalão do governo japonês, professores e universitários, tendo recebido uma grande aceitação e apreciação.
Continua até agora a valer como um livro didático para as pessoas que têm algum negócio com o Brasil, especialmente para os executivos das empresas japonesas que atuam no Brasil.
Finalmente, nos últimos dois anos os japoneses recomeçaram a se movimentar com o objetivo de realizar novos investimentos no Brasil. Até o momento, o número de empresas japonesas que se acha em fase preparatória para instalar novas subsidiárias já passa de 80.
Elas são atuantes nos setores de automóveis (Toyota e Honda), autopeças, eletroeletrônicos e informática, máquinas, telecomunicações, alimentos etc.
O que fez ressurgir essa nova tendência das empresas japonesas é, sem dúvida, o Plano Real, que vem conseguindo, de modo fantástico, debelar a inflação. Ficaria muito satisfeito se meu livro tivesse também contribuído para ajudar, de alguma forma, os japoneses a tomar a decisão no sentido de colocar de volta o Brasil na pauta de deliberação destinada a novos investimentos.

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