São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Montadoras prevêem mais terceirização

Fornecedor terá mais responsabilidade na produção

ARTHUR PEREIRA FILHO
ENVIADO ESPECIAL A DETROIT

A terceirização na produção de veículos vai se acelerar nos próximos anos. Para reduzir custos e aumentar a produtividade, as montadoras pretendem transferir para seus fornecedores cada vez mais responsabilidade na montagem dos carros e no desenvolvimento dos componentes.
Esses fornecedores serão globais, ou seja, vão seguir a montadora em todos os países onde um mesmo modelo é produzido. Em vez de entregar apenas peças, vão fornecer módulos completos, compostos de centenas de componentes. E terão de fazer investimentos para desenvolver os produtos que pretendem fornecer à montadora.
Sem limites
Não há limites preestabelecidos para a terceirização. "Podemos transferir praticamente tudo para nossos parceiros, desde que a identidade da marca seja mantida", disse Louis Schweitzer, presidente da Renault, durante debate sobre o novo relacionamento entre montadoras e fornecedoras realizado no Congresso Internacional da SAE (Sociedade dos Engenheiros Automotivos), em Detroit (EUA).
Além do presidente da Renault, participaram das discussões os presidentes mundiais de mais três montadoras -Alex Trotman, da Ford, Paolo Cantarella, da Fiat, e Kim Woo-Choong, da Daewoo.
Robert Oswald, da alemã Bosch, foi o único representante dos fornecedores.
"A produção de veículos exige investimentos cada vez maiores. É preciso repassar parte deles para os fornecedores", diz Cantarella.
Dependência
Woo-Choong diz que em dez anos haverá inversão de posições na indústria. Com as novas regras de parceria, ele prevê desenvolvimento tecnológico mais importante nas empresas fornecedoras de componentes do que nas montadoras. "Em termos de tecnologia, a montadora vai depender cada vez mais do fornecedor", afirma Woo-Choong.
Oswald diz que as montadoras estão transferindo todos os riscos da produção para os fornecedores. "Isso é preocupante, mas o setor não tem escolha. Para reduzir riscos, a alternativa é buscar parcerias para produzir módulos e sistemas completos."
Trotman diz que a necessidade de obter economia de escala já levou a Ford, por exemplo, a se associar à Nissan, nos Estados Unidos, para produzir uma minivan que será vendida com nomes diferentes pelas duas marcas.

O jornalista Arthur Pereira Filho viaja a convite da Delphi Automotive Systems.

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