São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Hora de moralizar

THALES DE MENEZES

Ontem foi um dia importante no tênis. Ninguém ganhou um título importante, nenhum tenista anunciou aposentadoria, nenhum contrato milionário foi assinado. Mesmo assim, foi um dia para ficar na história.
O grande herói é o italiano Franco Bertoni, diretor do ATP Tour de Milão. Ele fez algo inédito no circuito: obrigou o ídolo internacional Boris Becker a provar que estava contundido.
Para entender o caso: o tenista alemão estava inscrito no torneio há meses. Com o compromisso de Becker e outras estrelas, os organizadores negociaram cotas de patrocínio e direitos de transmissão pela TV.
No sábado, 48 horas antes da abertura do torneio, Becker anunciou sua desistência oficial da disputa, por causa da contusão na munheca. Um abandono desses deixa os organizadores com um belo abacaxi nas mãos.
Para compensar o estresse que o desfalque do alemão deve ter originado, Bertoni obrigou o astro a viajar até Milão. Disse que só não aplicaria a pesada multa prevista em contrato se o médico oficial do torneio atestasse a contusão do alemão.
Um revoltadíssimo Becker viajou de sua casa, em Munique, até o aeroporto de Milão. Ali, entre passageiros correndo de um lado a outro, o tenista foi examinado pelo médico e autorizado a voltar para casa.
Nesse caso, todos que acompanham o tênis sabem o quanto essa contusão tem atrapalhado Becker. No entanto, o alemão pagou pela atitude pouco profissional de alguns colegas.
Andre Agassi, por exemplo, tem por hábito alegar contusões "estranhas". Nos bastidores, o boato é que a Nike o pressiona quando perde para tenistas de menor expressão. Quando não se sente bem tecnicamente, Agassi inventaria contusões para sair da raia. E outros seguem a mesma linha, até Sampras.
Estava na hora de alguém moralizar essa história. Becker pagou por outros, mas foi por uma boa causa.

Texto Anterior: Par ro-romântico aponta para final feliz
Próximo Texto: Bom para o currículo; Top model; Sempre ela
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.