São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 1997
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Par ro-romântico aponta para final feliz

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Enfim, juntos. De mãos dadas, Ro-Ro preparam-se para dar um passeio esta noite pelo Serra Dourada. Nada mais ro-romântico, nesta história que aponta para um final feliz. Mas pode dar zebra, sim senhor. Afinal, Romário e Ronaldo, embora distintos no talhe e no estilo, são senhores absolutos da grande área, onde costumam dar a última palavra. Romário, baixinho, atrevido, um tanto lento, ainda que tenha no arranque curto seu mais precioso dom, habilidoso, é um matador nato, com requintes de crueldade. Assim como Ronaldinho, mais jovem, fogoso e veloz, quando parte como uma seta em direção ao gol inimigo, aproveitando-se de um físico privilegiado.
Eis por que o velho Lobo dos campos escalou os dois juntos, e acendeu uma vela ao pragmatismo, quando questionado se achava que daria certo: "No papel, jóia. Mas vamos ver lá dentro das quatro linhas".
Na prática, acho que o segredo do sucesso da dupla Ro-Ro está nos pés do mais velho. Ou melhor: na cabeça de Romário. Se ele, já cobra criada, decidir servir o menino com a sabedoria dos mais vividos, abrindo mão de seus privilégios de finalizador, então, gente, será uma festa inesquecível.
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Assim, teríamos uma saída de bola a partir da nossa intermediária mais inteligente e refinada. Isso, sem falar nos eventuais contragolpes, em bolas esticadas por Leonardo para Romário ou Ronaldinho. Mas, enfim, Zagallo parece estar aferrado ao sistema 4-3-1-2. E quando ele se aferra a uma idéia...
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No debate de segunda, promovido pela Folha, senti-me mergulhado num pesadelo kafkiano: eram vozes e palavras de fantasmas de 20, 25 anos atrás que vinham me assombrar com os mesmos argumentos, já falidos naqueles idos, que dirá hoje?
Mudaram apenas os rostos.
A única esperança de que tenhamos um calendário racional no futebol brasileiro é a de que essa cartolagem seja banida do velho cenário por força do mercado, que começa a atrair investidores. Só o poder da grana, que constrói e destrói coisas belas, conseguirá se sobrepor aos interesses políticos e pecuniários dessa gente.
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Uma jóia, o livro que conta a história dos Campeonatos Paulistas em resumos bem bolados pelos companheiros Valmir Storti e André Fontenelle.
Trata-se de um ovo de Colombo na nossa ainda parca bibliografia futebolística, e uma ferramenta valiosíssima para qualquer um -jornalista ou não- que queira entrar nesse verde campo dos sonhos, guardado por quatro linhas brancas.
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Quer dizer, então, que Viola e Luizão, juntos, nem pensar? Claro, para todos os tricolores, alvinegros, juventinos, ETs de vários matizes e... Márcio Araújo.

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