São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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Déficit da balança já supera US$ 1,2 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A balança comercial brasileira registrou neste ano, até 23 de fevereiro, resultado negativo de US$ 1,621 bilhão. Isso significa que, neste bimestre, o déficit (importações superiores às exportações) poderá ficar próximo de US$ 2 bilhões.
O déficit do comércio exterior em fevereiro já é de US$ 1,208 bilhão, considerando o déficit de janeiro de US$ 413 milhões.
Em 96, o déficit de fevereiro ficou em apenas US$ 22 milhões. As exportações somaram US$ 3,405 bilhões, e as importações, US$ 3,427 bilhões.
O resultado negativo deste ano aconteceu porque as empresas estão comprando mais por causa do consumo interno. As importações são mais fortes nos segmentos de bens de capital, bens de consumo duráveis e combustíveis.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, já admite que o governo pode adotar, a partir de março, medidas para frear o consumo.
"Se julgarmos que há crescimento de consumo, a política monetária vai ser utilizada sempre que necessário", afirmou.
O secretário ressalvou, no entanto, que ainda não há nenhum sinal de que o comportamento da economia é preocupante. Por enquanto, o governo está apenas monitorando o ritmo econômico.
Média de importações
A média diária das DIs (declarações de importações) nos dois primeiros meses do ano passado ficou em 3.437 e, neste ano, está em 3.470. Segundo Mendonça de Barros, isso significa que não há uma movimentação exagerada de compras externas.
Ele disse também que o comportamento das importações é semelhante ao registrado no segundo semestre de 96, quando a atividade econômica começou a registrar crescimento.
"As importações, com ajuste sazonal, vêm apresentando certa estabilidade em relação à média mensal observada no último semestre de 96, em torno de US$ 4,9 bilhões", disse.
Automóveis
As exportações neste ano, até 23 de fevereiro, chegaram a US$ 5,951 bilhões, e as importações, a US$ 7,572 bilhões.
Nas importações, o maior crescimento do bimestre em relação ao mesmo período do ano passado foi dos automóveis. O setor registrou aumento de 199,86% nas compras externas.
Nesse caso, Mendonça de Barros disse que a base de 96 era baixa, o que pode explicar um crescimento tão expressivo.
O segmento de produtos de metais também teve uma alta significativa (116,4%). As principais quedas no mesmo período foram de bebidas alcoólicas (36,92%) e gorduras, óleos e ceras (11,76%).
Reversão em março
Para o secretário, o comportamento do comércio exterior deve melhorar em março, com o aumento das exportações que normalmente ocorre na entrada da safra agrícola.
A isenção de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) na exportação de commodities agrícolas foi aprovada no final do ano passado, quando a safra estava quase toda já embarcada para o exterior.
Neste início de ano, a média diária das exportações está em US$ 170 milhões, e a média das importações, em US$ 216 milhões, segundo os dados divulgados pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

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