São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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Obra protege o artista

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

"Tudo aquilo que vemos, dispersa-se. A natureza é sempre a mesma, mas nada do que dela aparece fica e permanece. Cabe à nossa arte dar o sentido de sua permanência, de modo a fazê-la durar eternamente."
A frase, do francês Cézanne, um dos artistas preferidos de Morandi, parece ter norteado toda a produção artística do italiano.
Morandi coloca um novo olhar sobre a ordem das coisas. Com suas paisagens, flores e naturezas-mortas, o italiano quis construir o seu novo mundo, plano. Para isso, sabia que, além do insight criativo, necessitaria do domínio da técnica.
Na solidão de seu atelier em via Fondazza, Morandi aproximou, agrupou, trocou, repôs, subtraiu, separou e isolou seus jarros e garrafas. Objetos que, imóveis em sua segurança e independência, adquiriram sua liberdade ao não se subjugarem ao contexto externo predefinido.
Não são mais jarros e garrafas, mas apenas um novo repertório de formas e cores. Suspensos em uma atemporalidade metafísica, seus objetos representaram a busca de um novo equilíbrio, pessoal e plástico. "Pintar é o refúgio imóvel de um mundo que gira", escreveu o curador francês Jean Clair.
(CF)

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