São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 1997
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O PFL ameaça

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Não será pequena a reação do PFL no caso de o partido perder a liderança do governo na Câmara, hoje ocupada por Benito Gama (PFL-BA).
"Não discutimos nem a hipótese. Não é o caso", diz o presidente do PFL, o deputado José Jorge (PFL-PE).
Mas o que fará o PFL se o presidente Fernando Henrique Cardoso retirar a liderança do partido? "Se isso acontecesse, teríamos que ter uma reação", responde, enigmático, José Jorge.
A liderança é um cargo importante. FHC escolhe um deputado e o nomeia líder do governo na Câmara. Com isso, esse parlamentar tem um gabinete especial, mais assessores e fica articulando em nome do governo.
Junto com os líderes de outros partidos, o líder do governo é o responsável pelas principais articulações políticas. Mais do que isso, tem garantia de exposição na mídia. Fica famoso, algo que mais interessa a um parlamentar.
O primeiro líder de FHC foi Luiz Carlos Santos (PMDB-SP). Com a ida de Santos para o Ministério de Assuntos Políticos, ascendeu ao posto o então vice-líder, Benito Gama.
"Esse cargo é do presidente, mas é diferente de um ministério. No Legislativo, as relações são diferentes. Não se muda um líder a não ser que haja uma crise", opina José Jorge em defesa de Benito Gama.
Tudo isso foi dito ontem pelo presidente do PFL durante um almoço de confraternização dos pefelistas.
Benito Gama estava presente. O líder do partido na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), também participou da mesa dos caciques pefelistas. E, não poderia faltar, Luiz Carlos Santos, um pefelista de coração.
Quando chegaram para almoçar, foram informados das declarações do ministro Sérgio Motta (Comunicações), que reivindicou para o PSDB a liderança do governo.
Ao final do almoço, o clima era de quase velório. "O Benito saiu meio assim... Não sei...", disse Inocêncio.
FHC, que não quer saber de reações nem de ameaças do PFL, já tomou uma decisão: ficará imóvel até que os ânimos se acalmem.

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