São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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FHC adia a 'hora da dor', diz Skidmore

Fishlow elogia 'perspectivas' do Real

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Skidmore, 64, um dos mais conhecidos brasilianistas dos EUA, diz que FHC "é popular e vai ser reeleito porque está adiando a hora da dor". Segundo ele, o Brasil só vai poder crescer quando a poupança interna aumentar e para isso acontecer, é preciso diminuir o consumo. Além disso, as reformas que o governo tem adiado "um dia vão ter que ser feitas".
Os outros participantes do seminário, promovido pelo Woodrow Wilson Center e Inter-American Dialogue, foram mais positivos.
O economista Albert Fishlow disse que o Plano Real tem sido um sucesso e "as perspectivas são boas em todos os sentidos". Mas alertou para três "fatores cruciais" que precisam ser resolvidos para se obter crescimento econômico sustentado: aumento da poupança interna (o que, segundo ele, tem que acontecer às custas de cortes nas despesas do setor público), mais investimentos na área da educação (a serem obtidos, sugere, pela cobrança de anuidades nas universidades públicas federais) e melhor distribuição de renda.
O setor mais elogiado do governo foi o da educação. Cláudio de Moura Castro, especialista do Banco Interamericano de Desenvolvimento, disse que "há um consenso em torno de um novo paradigma educacional" no país e que "as coisas estão acontecendo" no ensino básico. A área mais criticada foi a da saúde.
O Plano Real só mereceu aplausos, até de Skidmore. Segundo o presidente do IBGE, Simon Schwartzman, o Real foi um sucesso porque "foi concebido e administrado por um brilhante grupo de economistas".
Skidmore atacou FHC por ter "sucumbido às tentações do continuísmo, o que nenhum presidente militar fez, exceto Castello Branco" e sugeriu: "se FHC é tão indispensável, por que não chamar os médicos da Escócia para fazerem um clone dele?".

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