São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Procurador de Alagoas vai pedir quebra de sigilo

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O procurador-geral de Justiça de Alagoas, Dilmar Camerino, vai pedir à Justiça, na próxima segunda-feira, a quebra do sigilo bancário de envolvidos nas supostas irregularidades no processo de emissão de R$ 301,6 milhões em títulos pelo governo alagoano.
A Agência Folha apurou que Camerino já decidiu pedir a quebra do sigilo bancário do ex-secretário de Fazenda José Pereira de Souza e de Marcos Vinícios Guimarães, diretor do Banco Maxi-Divisa, que elaborou o processo de emissão de títulos do governo alagoano.
Os dois já foram ouvidos no inquérito aberto na procuradoria para investigar as supostas irregularidades no caso.
"Está claro que todo processo foi ilegal porque foi elaborado com documentação falsa e sem respeitar a Constituição no que diz respeito a utilização dos títulos para pagamento de precatórios (dívidas judiciais)", afirmou Camerino.
Suruagy
Ele não quis revelar se vai pedir quebra do sigilo bancário do governador Divaldo Suruagy (PMDB). "Não quero falar de nomes para não prejudicar as investigações", afirmou.
Suruagy se antecipou e já colocou à disposição, por meio de ofícios enviados à Procuradoria e à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), a quebra de seus sigilos fiscal e bancário.
Camerino disse que está terminando o levantamento dos prejuízos que o Estado sofreu com as operações de venda e recompra de títulos pelo governo alagoano para mover ações civis contra os responsáveis.
O objetivo das ações é fazer com que os envolvidos devolvam o dinheiro supostamente desviado para os cofres estaduais.
"No campo criminal temos a opção de indiciar os envolvidos na lei 8.429 (a chamada lei do colarinho branco), que além de pena de prisão prevê o afastamento dos envolvidos da vida pública", afirmou Camerino.
O impeachment do governador Divaldo Suruagy começa a ser votado na próxima semana. O relatório da CPI da Assembléia Legislativa pede o afastamento do governador e do vice-governador Manoel Gomes de Barros (PTB), além de pedir processo criminal contra 12 integrantes do governo.
Renúncia
A base de sustentação do governo Suruagy na Assembléia sofreu uma baixa com o posicionamento da deputada estadual Lucila Toledo (PSC), que anteontem foi para a tribuna do Legislativo pedir a renúncia do governador.
"Todos da bancada governista acham melhor o governador se afastar para que o Estado volte à normalidade administrativa. Porém, eles não falam", declarou a deputada.
Suruagy afirmou na tarde de ontem que não vai renunciar. "Isso é um boato e é uma posição pessoal da deputada. Só saio do governo quando deixar o Estado saneado financeiramente", afirmou.

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