São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Empresário do Pará que R$ 1 mi da Gini

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

O empresário paraense José Severino Osório Neto disse que vai exigir indenização de R$ 1 milhão da empresa Gini, por usar indevidamente seu número de produtor de palmito registrado no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de Belém (PA).
A origem do palmito da marca Gini, que levou Melissa Castro, 25, à UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa de Santos, no último dia 14, com quadro grave de botulismo, é ilegal.
Osório Neto acusa a empresa de ter usado seu registro no Ibama, legal, para "esquentar" o produto que teria saído irregularmente de Breves (280 km a oeste de Belém) no sul da ilha de Marajó, tradicional produtor de palmito do Pará.
Registro
Os registros do Ibama e o CGC indicados no rótulo existem, mas não são vinculados. Os dados da Gini Conservas Ltda estão certos, mas os dos fornecedores, não.
O CGC pertence a Ademar Gonçalves Silva e o registro do Ibama a Osório Neto, que tem autorização para extrair palmito por meio da Indústria e Comércio de Conserva Marco Polo.
"Os dois números têm de ser da mesma empresa. Portanto, há fraude", disse o diretor de fiscalização em Belém, Nilson Pantoja.
O CGC 83584060/0001-26 pertence à empresa Ademar Gonçalves da Silva, de dono homônimo.
A Agência Folha apurou que é uma empresa individual. Silva é a única pessoa física funcionária da empresa que leva seu nome.
O endereço que foi fornecido no documento de registro do CGC é "rio Corre, sem número, margem esquerda, Breves". Silva não foi localizado pela Agência Folha. Ele não tem registro no Ibama. Se produz mesmo palmito, sua situação é ilegal.
Fraude
"Não sei como passaram a usar o meu registro, mas vou processá-los por fraude. Estudo com meus advogados se entro com o processo em São Paulo ou Belém", disse Osório Neto.
Osório Neto declarou que atualmente sobrevive com a venda de carros.
Sem dinheiro para continuar a tocar o negócio de palmito, há dois Osório Neto anos não produz nada. O Ibama confirmou essa informação.
O empresário disse ainda que, mesmo quando produzia, nunca comercializou com a Gini nem com Ademar Gonçalves Silva.
Na região de Breves, o Ibama mantém dois funcionários para fiscalizar oito municípios com um território de 57 mil km2 -área equivalente ao Estado da
Paraíba.
O dono da Gini, Carlos Gini, não quis falar com a Agência Folha ontem durante todo o dia.

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