São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 1997
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Centros em SP e nos EUA estudam a hepatite 'boa'

AURELIANO BIANCARELLI
DO ENVIADO ESPECIAL

Estudos nos Estados Unidos e em São Paulo estão tentando desvendar os mistérios da hepatite G, a caçula na família das hepatites. Até agora, os pesquisadores só tiveram boas notícias.
A principal delas é que a hepatite G não é patogênica, isto é, não provoca a aplasia (desenvolvimento incompleto ou imperfeito) medular e a cronificação do fígado, como se temia.
A outra notícia, se comprovada, pode ser melhor ainda: a hepatite G seria capaz de inibir a replicação (duplicação) do vírus da hepatite C, essa sim causadora da cirrose hepática, do câncer de fígado e da hepatite crônica. Os dois vírus são bastante semelhantes.
"Ainda são especulações, mas os estudos levam a crer que a hepatite G poderia ter uma certa utilidade", disse Dalton Chamone, diretor-presidente da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo e coordenador de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde.
Chamone falou sobre a hepatite G no congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical que terminou ontem em Belo Horizonte.
Estudos feitos em grupos de pacientes e doadores de sangue da Fundação Hemocentro mostraram uma prevalência de 9%.
Em Paris, pesquisas semelhantes revelaram que 5% das pessoas têm ou tiveram contato com o vírus.
Para a hepatite C, a prevalência constatada em São Paulo foi de 0,48%. Cerca de 70% desses portadores podem desenvolver doenças graves.
Segundo Chamone, os estudos de prevalência do vírus da hepatite G -caracterizado a partir de 1995- são feitos por meio do PCR, um exame de biologia molecular que detecta a presença do vírus na célula.
A Fundação Pró-Sangue e alguns centros norte-americanos seriam dos poucos a fazer esses estudos.
O objetivo dos pesquisadores, agora, é descobrir quão útil pode ser o vírus da hepatite G.
"Estamos acompanhando portadores dos dois vírus, G e C, para saber como eles evoluem", diz Chamone.
(AB)

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