São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empréstimos são novo alvo

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dados em poder da CPI dos Precatórios mostram que um único banco responde pela maioria dos empréstimos tomados a juros altos por Estados e municípios em 1995.
Diante disso, o novo possível alvo de investigação no Senado, depois da conclusão dos trabalhos da CPI, serão as operações ARO (sigla de Antecipação de Receita Orçamentária).
Essa operação ocorre quando uma cidade ou Estado pede empréstimo a algum banco e dá como garantia a receita futura prevista em seu orçamento.
Ontem, numa reunião reservada com os funcionários do Senado que trabalham na CPI, o senador Roberto Requião recebeu alguns dados sobre as operações ARO que apontam para um possível monopólio das operações por uma única instituição financeira.
O dado mais alarmante que Requião, relator da CPI, ouviu dos assessores é que em muitas operações a taxa de juros cobrada fica acima da média do mercado. Em 70% dos casos de juros altos, um só banco foi o agente das operações.
Requião quis saber qual era esse banco. A assessoria respondeu que o Banco Central não forneceu o nome, mas apenas um código. Como os dados foram coletados antes da CPI, o BC alegou que não poderia quebrar o sigilo bancário.
"Então vamos pedir para que o BC identifique esse banco agora", disse o senador. Isso pode acontecer na semana que vem.
As operações ARO são um excelente negócio para o banco, pois o dinheiro orçamentário que entra para a cidade ou Estado é garantia de que o empréstimo será saldado. Como os governos que fazem as operações ARO estão em dificuldades financeiras, sempre aceitam pagar juros altos.
Segundo relatos dos assessores, no ano de 95 foram realizadas cerca de 3.000 operações ARO em todo o país. Pelo menos 35% dos municípios e 60% dos Estados teriam feito alguma antecipação de receita orçamentária.

Texto Anterior: Banco confirma emissão no PR
Próximo Texto: Plano estimula venda de bancos estaduais
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.