São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Fundos de estatais serão investigados

DANIEL BRAMATTI
FERNANDO GODINHO

DANIEL BRAMATTI; FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Precatórios recebeu informações de que os fundos de pensão Telos (Embratel), Petros (Petrobrás) e Funcef (Caixa Econômica Federal) adquiriram títulos de Santa Catarina com um desconto considerado muito baixo.
Esses são alguns dos dados que servirão de base para a intenção da CPI de ouvir, a partir da semana que vem, grandes bancos e fundos de pensão, que são os compradores finais dos títulos investigados.
Não há propriamente uma suspeita contra esses tomadores finais. O que a CPI quer saber é porque esses bancos e fundos adquiriram papéis em condições piores que as conseguidas por pequenas corretoras, que compraram os papéis diretamente de Estados e municípios.
No caso de Santa Catarina, que emitiu R$ 605 milhões em títulos para pagar precatórios, os três fundos de pensão de empresas estatais adquiriram juntos R$ 65,92 milhões em papéis catarinenses.
Esses papéis foram comprados com um deságio muito inferior ao concedido pelo Fundo de Liquidez do Estado na colocação dos títulos no mercado financeiro (cerca de 17%). Em todos os casos, os títulos passaram por diversas corretoras antes de chegar nos fundos.
Deságio
O diretor financeiro da Funcef, Jorge Lúcio de Castro, disse à Folha que o deságio conseguido nas operações do fundo foi de 5,5% (foram comprados R$ 20,76 milhões em títulos).
Castro disse que a Funcef não ficou sabendo do leilão inicial feito pelo Estado e que "é prática do mercado comprar títulos no mercado secundário".
Segundo a assessoria de comunicação da Telos, o deságio pago pela entidade foi de 7,24% por um lote de R$ 10,163 milhões.
O fundo de pensão da Embratel esclareceu que a operação é vantajosa para a entidade e que, assim como a Funcef, não foi informada sobre o leilão inicial realizado pelo governo de Santa Catarina.
A Folha procurou a Petros, que não se manifestou sobre as operações com os títulos catarinenses.
Apesar do desconto elevado dado por Estados e municípios na colocação de títulos públicos no mercado financeiro, alguns fundos de pensão de empresas estatais chegaram a comprar esses papéis com ágio. Por causa disso, a CPI fará uma investigação especial sobre essas empresas.
A compra com ágio aconteceu na última etapa das operações de compra e venda desses títulos.

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