São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Londres consolida volta ao circuito fashion

MARIA CRISTINA FRIAS
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LONDRES

A London Fashion Week (Semana da Moda de Londres) outono/ inverno 97, encerrada ontem, consolidou a volta de Londres ao circuito fashion internacional.
A estilista Vivienne Westwood não fazia desfiles na cidade havia oito anos. A prestigiada Miu Miu trocou Nova York por Londres. E Alexander McQueen, mesmo assumindo a maison Givenchy em Paris -em substituição ao também britânico John Galliano, que se mudou com malas e agulhas para a Dior-, continuou a lançar a coleção de sua própria etiqueta aqui.
A cidade pode ainda não ser a nova capital da moda, como cravou a revista "Harper's Bazaar", mas não pode mais ser ignorada por quem se interessa por moda.
"Vim mostrar minha coleção em Londres porque ela é jovem e os jovens interessantes estão aqui." Quem diz isso não é um inglês, mas sim a italiana Miuccha Prada, a "big boss" da marca que leva seu nome e o da Miu Miu.
Essa etiqueta é a segunda linha da Prada que, segundo declaração de Miuccha ao jornal inglês "Sunday Times", diferentemente de outras marcas "aparentadas", tem qualidade e bom acabamento.
Toda a atenção que Londres tem despertado no mundo fashion tem um responsável: o endiabrado Alexander McQueen. O estilista tem sido louvado por ter trazido de volta os compradores internacionais mais importantes, a mídia e, consequentemente, outros designers.
O prestígio do mais jovem britânico a dirigir uma maison pode ser medido no desfile mais aguardado da semana. Apresentado anteontem à noite, com quase duas horas de atraso, tinha o título "É uma Selva Fora Dali".
Selva mesmo foi no que se transformou a platéia, superlotada. Muita gente com lugar marcado não conseguiu localizar seu assento, tamanho o número de pessoas que se acotovelavam num antigo depósito de um mercado, o Borough Market, perto da Torre de Londres, na zona sul de Londres. Na saída, muitos se queixavam de "não terem visto nada".
Para enxergar além da massa de pessoas, alguns chegaram a assistir ao desfile pendurados nas grades das arquibancadas.
Na passarela, mais selva: muito couro nas saias, casacos e botas acima dos joelhos e de saltos finíssimos. Couro de vaca, em caramelo e branco, de zebra (fake, é claro) e lisos, de várias cores.
Chifres de bode saíam das ombreiras de casacos para homens e mulheres. E havia até cabeça de crocodilo nas costas de uma jaqueta masculina.
Stella Tenant, a modelo inglesa do momento, abriu o desfile num vestido de couro negro. Gelo seco saía de dois carros estacionados nas laterais da passarela.
Algumas modelos tinham nos olhos maquiagem de gato. Os cabelos eram enormes, supereriçados e em alguns casos, tingidos de branco e negro.
McQueen também incluiu na coleção macacões curtos, cavados nas pernas com grandes ombreiras. A maior parte dos modelos era colada ao corpo, uma tendência predominante em todos os desfiles desta semana em Londres.
Saias e vestidos tinham comprimento próximo ao joelho e bainha assimétrica -outra característica de todas as coleções.
Já as calças, para McQueen, devem ser bem curtas, cerca de um palmo acima do calcanhar e ter a boca um pouco mais larga do que se tem usado.
Outra inspiração passada que McQueen atualizou foram os patchworks e os jeans azuis bem manchados, quase brancos.

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