São Paulo, sábado, 1 de março de 1997
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Ramos & Pitta

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A CPI dos Precatórios está investigando uma suposta sociedade entre Wagner Ramos, ex-coordenador da Dívida Pública do município de São Paulo, e Celso Pitta, o atual prefeito da cidade.
A sociedade seria uma empresa, um escritório, com endereço na cidade de Nova York.
Como sempre acontece nesses casos, ocorreu uma traição. Um desafeto de Pitta e de Paulo Maluf resolveu contar, há alguns dias, a história para um senador da CPI. Muito segura, essa pessoa diz ter ouvido uma conversa na qual os supostos sócios falavam abertamente do negócio de além-mar.
A história foi reconfirmada pelo senador com a fonte misteriosa na quinta-feira à noite.
Seria coisa de alguns anos. A CPI está interessadíssima no assunto. Pelo menos dois senadores e seis assessores da CPI já conhecem o caso.
Esta coluna tentou contatar Celso Pitta, por meio de uma pessoa muito ligada a ele. "O Pitta jamais falará sobre um absurdo desses. Quem quiser acusar tem de apresentar provas", disse o amigo do prefeito paulistano.
A CPI não tem provas. Tem apenas a dica. O senador que a recebeu não tem certeza de que seja verdade. Mas está convencido de que a pessoa que lhe contou sobre o caso foi sincera.
A única providência que foi tomada se refere à quebra do sigilo telefônico de Wagner Ramos. A CPI pediu presteza no caso para a Telebrás, que recebe esse tipo de pedido.
A esperança é que ligações telefônicas de Wagner Ramos possam apontar para alguns endereços em Nova York. O passo seguinte seria checar nos Estados Unidos que tipo de negócio funcionaria nesses locais.
Essas informações já são conhecidas por muitas pessoas dentro da CPI. As acusações estão atingindo um nível em que muita gente, até inocentes, pode acabar prejudicada.
Seria prudente apurar todas as denúncias com o maior rigor possível. Há senadores verdadeiramente interessados nisso. O que não se pode é acusar e depois não investigar.

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