São Paulo, segunda-feira, 3 de março de 1997
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'Privatizadas' cortam 39,6 mil empregos

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

As empresas federais privatizadas a partir de 1991, quando começou o atual programa de privatizações, fecharam 39.631 postos de trabalho desde que passaram ao controle do setor privado.
Isso representa 32,67% dos 121.299 empregados que elas mantinham quando foram vendidas pelo governo federal em leilões.
O total de postos de trabalho fechados equivale, aproximadamente, a um estádio do porte do paulistano Pacaembu lotado (40 mil pessoas, incluindo a parte do tobogã).
No levantamento feito pela Folha estão incluídas 22 empresas que eram controladas pela União, mais as cinco malhas da RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A) que passaram a ser concessões privadas no ano passado.
Critérios
Não foram computados os dados sobre as demissões -geralmente em programas de desligamento voluntário- feitas durante o período em que cada empresa foi preparada para a privatização.
Em muitos casos, como o da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), as demissões foram em maior quantidade durante a preparação do que após a venda.
Os dados foram fornecidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), RFFSA e pelas empresas.
Não foram incluídas no levantamento as empresas nas quais o governo tinha participação acionária minoritária.
Em números absolutos, a maior redução ocorreu na Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista), que tinha, segundo o BNDES, 13.082 empregados antes da venda e tem agora 8.200. A redução foi de 4.882 empregos, 37,3% do total anterior.
A empresa informou que a redução de empregos ocorreu, basicamente, em um plano de demissões incentivadas e com aposentadorias.
Mafersa
Em termos percentuais, a maior redução foi da Mafersa, fabricante de equipamentos ferroviários. Ela tinha 2.603 empregados na privatização e agora tem apenas 600. A redução foi de 76,9%. A empresa enfrenta problema de carência de encomendas.
Houve dois casos de empresas que foram fechadas, a Cosinor (Companhia Siderúrgica do Nordeste) e a Goiasfértil, antiga controlada da Petrofértil (grupo Petrobrás).
O grupo Gerdau, que comprou a Cosinor em novembro de 91, informou que a empresa foi fechada por causa de "uma forte retração da demanda".
A Goiasfértil, vendida em agosto de 92, foi fundida com a Ultrafértil, vendida em junho de 93. Dos 677 empregados que a Goiasfértil tinha na época da privatização, 410 foram incorporados ao contingente da Ultrafértil, segundo informou a assessoria desta empresa.
A Ultrafértil, cuja força de trabalho passou de 2.084 para 1.640 empregados mesmo com a incorporação da Goiasfértil, informou que 350 dos seus empregados passaram para empresas de atividades terceirizadas.
Terceirização
A terceirização de atividades, com consequente aproveitamento do pessoal pelas prestadoras dos serviços terceirizados, é um dos argumentos mais usados pelas empresas para a redução de pessoal, ao lado de avanços técnicos que teriam aprimorado a produção e dispensado pessoal.
Essa última é a principal justificativa da Aços Finos Piratini, também do grupo Gerdau, para ter diminuído seu pessoal de 2.306 para 1.200 empregados.
Se há casos de terceirização de atividades escondidos na estatística de redução de pessoal, há também reduções de pessoal que não aparecem na estatística.
É o caso da Caraíba Mineração. Ela tinha 817 empregados quando foi vendida, em julho de 94, e tem agora 850. Só que o número atual inclui cerca de 300 empregados de empreiteiras que foram absorvidos por força de acordo.
Outro caso é o da Malha Sul da RFFSA. Ela aparece com os mesmos 6.900 empregados antes e depois da venda. É que o programa de redução de pessoal, em andamento, ainda não tem números finais disponíveis.

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