São Paulo, segunda-feira, 3 de março de 1997
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ACM proíbe MST de acampar no Congresso

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), afirmou que não vai permitir que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) acampe em frente ao Congresso no encerramento da marcha que o movimento está fazendo em direção à Brasília.
ACM disse estar disposto a acionar a polícia para retirar barracas dos sem-terra, se o MST insistir em promover o acampamento.
"Pessoas poderão vir, mas barracas e coisas semelhantes não serão feitas. Se fizerem, vou pedir às autoridades do governo federal e do Distrito Federal que cumpram a decisão do Senado. Quando o Distrito Federal e o governo federal não puderem manter a ordem, o Estado acabou", disse.
Cerca de 600 trabalhadores sem-terra saíram da cidade de São Paulo, com destino a Brasília, num protesto pela demora na realização da reforma agrária. Outras duas caravanas partiram de Minas Gerais e Mato Grosso.
A Marcha Nacional pela Reforma Agrária, Emprego e Justiça deve chegar a Brasília no dia 17 de abril, um ano após o massacre de 19 sem-terra pela Polícia Militar do Estado do Pará, em Eldorado do Carajás (PA).
Conflito
Indagado se não teme um confronto entre os sem-terra e a polícia, o presidente do Congresso Nacional fez um desafio: "Não temo nada. Acho até que se tiver, não é mal. Por quê? Porque isso se define. Não pode ficar a vida inteira um país indefinido em relação a posições".
O senador defendeu a realização da reforma agrária no país, mas desde que a "ordem seja mantida, porque, caso contrário, não vai haver nem reforma agrária nem governo".
Antes da gestão de ACM, o gramado em frente ao Congresso sempre foi utilizado para manifestações, inclusive dos sem-terra.
O senador encaminhou na semana passada carta ao governador do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PT), comunicando a nova orientação de proibir manifestações em frente ao Congresso que interfiram na atividade legislativa.
ACM inclui, entre as manifestações indesejadas, a Micarecandanga -carnaval fora de época de Brasília- e qualquer tipo de acampamento, barracas, carro de som e atos públicos que possam tumultuar os trabalhos do Congresso Nacional.
Segundo o presidente do Senado, a sua determinação é de permitir apenas "manifestações pacíficas e ordeiras".
MST
"No Brasil é normal tratar a questão social como coisa de polícia. Não vamos nos admirar. Perdoamos a ignorância dele", disse ontem Edivair Lavratti, um dos coordenadores da marcha.
Segundo Lavratti, não há uma definição sobre o local do acampamento em Brasília. "Mas, depois dessa provocação, acho que vamos acampar lá mesmo. Não estranharemos se houver confronto e se eles agirem com violência. Mas vamos ver quem grita mais alto", afirmou.

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