São Paulo, segunda-feira, 3 de março de 1997
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Petistas promovem 'invasão simbólica'

EDMILSON ZANETTI

EDMILSON ZANETTI; ROGÉRIO GENTILE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANDOVALINA

Lula critica Fernando Henrique

ROGÉRIO GENTILE
O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, participou ontem de uma "invasão simbólica" de terra em Sandovalina, no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo).
O que era para ser uma invasão de fato, programada na véspera, para colher 280 alqueires de milho na fazenda São Domingos, se transformou em um ato político em favor da reforma agrária e contra decretação de prisão de líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Lula, uma comitiva de parlamentares do PT e cerca de 300 sem-terra chegaram a entrar na fazenda -onde há uma semana oito sem-terra foram feridos à bala durante tentativa de invasão-, mas apenas para uma colheita simbólica de milho e discursos.
Um balaio do milho colhido deve ser entregue amanhã ao ministro da Reforma Agrária, Raul Jungmann, na reunião com senadores da oposição.
Lula e os parlamentares -entre eles o senador Eduardo Suplicy e o deputado federal José Genoino-, que não participaram da colheita, ganharam duas espigas cada.
"Não vamos dar pretexto para os inimigos da reforma agrária", disse Lula, justificando a mudança dos planos. A decisão de colher o milho ficou mantida, mas sem data, segundo o MST.
Lula criticou o presidente Fernando Henrique Cardoso. "Ele é que deveria dar ordens para colher o milho. O dinheiro que eles deram para salvar dois bancos daria para assentar 1,4 milhão de famílias."
"Depois do massacre de Eldorado dos Carajás, achei que o Fernando Henrique, como homem vaidoso que é, iria colocar em prática a promessa de assentar 400 mil famílias", disse o líder petista.
O presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Roosevelt Roque dos Santos, afirmou que a visita dos petistas é "pura demagogia".
A comitiva do PT visitou à tarde o líder do MST Márcio Barreto, preso desde segunda-feira na cadeia de Presidente Prudente.
A comitiva visitou também os sem-terra Antonio Levino Neves da Silva e Miriam Farias de Oliveira, feridos no conflito e ainda hospitalizados.
Miriam e Levino afirmaram que, assim que deixarem o hospital, vão voltar às invasões.

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