São Paulo, segunda-feira, 3 de março de 1997 |
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'Ramos é um gênio da administração'
SILVANA QUAGLIO
A "genialidade" dele consistia, na verdade, em transformar o que no papel era 20 em 400. Como? Ponto número um: Ramos conhece profundamente todas as decisões de tribunais tomadas a partir de recursos judiciais (acórdãos) referentes ao pagamento de dívidas decorrentes de decisões judiciais (precatórios). A partir daí, montou uma planilha no computador para calcular a atualização do valor de precatórios que restavam a pagar. O que parecia impossível para alguns administradores, era fácil para Ramos. Colocava o número original no computador e em minutos recolhia um valor muito mais alto, que seria aceito pela Justiça como verdadeiro, caso o dono do débito recorresse, pedindo a correção monetária de sua indenização. Ponto número dois: Ramos sabia que poucos credores do município acabariam exigindo o pagamento de tudo a que tinham direito. Às vezes, depois de esperar 20 anos pelo pagamento da indenização, o credor simplesmente aceita qualquer pagamento. Com isso, acaba sempre sobrando um dinheiro no caixa da prefeitura para outros pagamentos. Como Estados e municípios estão proibidos de emitir novos títulos, o conhecimento de Ramos se tornou precioso. Ele passou o "know-how" para as prefeituras de Guarulhos, Osasco, Campinas -todas em São Paulo- e Goiânia. Mas quando o Banco Vetor o procurou, querendo pagar pelo conhecimento, ele topou. Queria 80% da taxa (5,5%) que o banco cobraria de Pernambuco para montar a operação. Como o Vetor só receberia a comissão se conseguisse vender os títulos, Ramos ficou com 45%. Já em Santa Catarina a comissão de Ramos foi de 80% dos 5,5% cobrados pelo Vetor. O Estado tem mais tradição no mercado financeiro, seus títulos são vendidos mais facilmente. (SQ) Texto Anterior: Para dono do Vetor, CPI acusa sem saber Próximo Texto: Estados temem por decisão do Senado Índice |
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