São Paulo, segunda-feira, 3 de março de 1997
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SP 'transborda' e faz vizinhos 'incharem'

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

A área em torno de São Paulo foi a que mais cresceu no Estado nesta década: 3,1%, contra os 1,5% da média estadual. Dos dez municípios cujas populações aumentaram mais rapidamente nos anos 90, seis são da Grande São Paulo.
Esse crescimento está mais ligado ao "transbordamento" da população da capital do que à migração de pessoas de outras áreas para a Região Metropolitana.
Quando levado em conta o pequeno aumento de população do município de São Paulo (0,3% ao ano, entre 91 e 96), a taxa de crescimento populacional da Região Metropolitana cai para 1,4% -quase igual à média estadual.
Ou seja: o conjunto da Grande São Paulo não está absorvendo moradores de outras regiões paulistas nem de outros Estados.
O crescimento dos municípios próximos à capital é induzido por razões que mudam em função do perfil dos migrantes, em geral antigos moradores paulistanos.
No caso da classe média, foi a busca de melhor qualidade de vida que originou a mudança para condomínios fechados em cidades como Arujá (6,17% de crescimento anual), Barueri (6,21%) e Santana do Parnaíba (8,71%).
Para as populações mais pobres, a fuga para municípios como Itaquaquecetuba (6,74%) e Guarulhos (4,31%) foi o meio encontrado para baratear o custo de vida.
O crescimento na Região Metropolitana ocorreu, de modo geral, em municípios que ainda dispunham de largas áreas periféricas. Já as cidades da Grande São Paulo que estavam saturadas estagnaram ou até perderam população, como ocorreu com São Caetano do Sul.
Região de Campinas
Além dos municípios vizinhos à capital, a outra região do Estado que cresceu acima da média foi a de Campinas: 2,1% ao ano, nos últimos cinco anos. Como na Região Metropolitana, o crescimento foi maior na periferia.
As maiores cidades dessa região cresceram bem menos do que os municípios de seu entorno. Enquanto a população de Campinas aumentava num ritmo de 1,4% ao ano, a vizinha Indaiatuba crescia três vezes mais rápido: 4,1%.
Em Jundiaí, por exemplo, o crescimento periférico foi ainda mais intenso. Enquanto o município estagnou (0,27% de crescimento anual), Cabreúva, logo ao lado, viu sua população crescer 4,6%.
A razão desse fenômeno se aplica a outras cidades do Estado: municípios menores em geral têm oferecido mais facilidades (isenção de impostos e até terreno) para a instalação de indústrias.
A oferta de novos empregos atrai população de cidades vizinhas e dá origem a uma demanda de comércio e serviços que alimentam um ciclo econômico virtuoso.

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