São Paulo, segunda-feira, 3 de março de 1997
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A quatro mãos (15)

WASHINGTON OLIVETTO; ESTER KRIVKIN

WASHINGTON OLIVETTO &
ESTER KRIVKIN
Existe um novo profissional dentro das agências de publicidade mais modernas: o suporte tecnológico. Filho dos computadores e do mundo pós-Silicon Valley, esse profissional é o encarregado de gastar depressa o dinheiro que a gente ganha devagar.
Mas, sem dúvida nenhuma, mantém a agência atualizada. É exatamente isso que faz Ester Krivkin. Pioneira nessa área em agências brasileiras, "estercnológica" ou "esternet", como é conhecida pela gente, é a minha convidada no "A quatro mãos" de hoje para falar de tecnologia nas agências de publicidade.
*
Como manter uma agência de publicidade atual? Gastando mais depressa o dinheiro que eles ganham devagar.
Infelizmente, o binômio tecnologia-dinheiro ainda existe e persiste. Manter uma agência de publicidade up-to-date com o que existe de mais moderno em hardware e software demanda um trabalho de pesquisa constante e intermináveis grandes investimentos.
Um investimento mínimo anual de US$ 500 mil só para "updates", "upgrades" e atualização de seus computadores e softwares. Além de horas e horas de navegação na Web, alguns congressos no exterior, algumas visitas a agências internacionais, universidades (como o MediaLab, do MIT) e muita conversa. A famosa troca de figurinhas.
Por trabalhar sempre contra o relógio, uma agência de publicidade necessita de mais velocidade. Não tem Power PC, hard disk, Fast Ethernet e RAM que resistam à criatividade dos diretores de arte. Às vezes, até extrapolamos em recursos.
Creio que o Brasil é um dos únicos países do mundo que possui uma rede de rádio de alta potência (10 Mbps) para transmissão de arquivos e videoconferência. Essa rede, dos Editores Gráficos Burti, foi implementada a pedido da agência. Executar um trabalho digitalmente e depois depender do trânsito de São Paulo para que este chegue à gráfica não combina com o espírito "contra-o-relógio" das agências de publicidade.
O sistema não pode falhar. A impressora tem sempre de imprimir com a máxima qualidade, o servidor tem de estar sempre no ar, o backup tem de estar 100% em dia. E, esta é a pior parte, produzimos 4 Gb de informação por semana. É informação que não acaba mais.
Para garantir a integridade de todo esse sistema, utilizamos no-breaks de última geração, rede de dados de 100 Mbps, impressoras a laser coloridas e um sistema de backup com capacidade de até 10 Gb por fita.
Essa parte é o arroz com feijão. O bacana é inovar.
Por que não fazer vídeos ou "story boards" eletrônicos? Possuímos um sistema de edição de vídeo não-linear com qualidade "broadcast". Por que não criar o nosso próprio Web Site? Utilizamos a criatividade dos nossos diretores de arte e redatores, mais algum conhecimento em html, vrml e outros "ml" para colocar nossa página no ar. Por que não ser um dos primeiros a ter uma intranet com nossos clientes? Novo projeto em desenvolvimento.
Esses desafios tornam o trabalho de suporte tecnológico cada vez mais excitante. Quando você pensa que não vão inventar mais nada de fantástico, aparece o DVD. Mas o grande desafio mesmo é ser tecnológico num país que dificulta a importação de coisas que não produz.
Agora o mais bacana de tudo seria convencer um certo dono de agência a trocar o "toc-toc" de sua Olivetti pelo "tec-tec" de um computador. O computador eu já comprei. Só falta ele começar a usá-lo. Caso isso aconteça, vocês podem ter certeza de que esta agência estará 100% tecnológica e informatizada e eu vou poder "estercnologicar" e "esternetar" em outras bandas.

Washington Olivetto é presidente e diretor de criação da W/Brasil e Ester Krivkin é suporte tecnológico da W/Brasil.

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