São Paulo, segunda-feira, 3 de março de 1997
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TVE quer dar novo sentido à emissora pública

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

A TVE do Rio promete para breve uma verdadeira revolução em sua grade de programação. O projeto é ambicioso e envolve desde a identidade visual até a identidade institucional da emissora.
Mas a lentidão na execução das transformações pretendidas ilustra a dificuldade de realização de propostas que apontam para um caminho que combina o estatal e o privado em busca de um novo sentido de espaço público.
Paulo Ribeiro, sobrinho de Darcy Ribeiro e presidente da Fundação Roquete Pinto, responsável pela emissora, reuniu um grupo heterodoxo de profissionais no esforço de transformar o mais oficial dos canais em um espaço plural de problematização do Brasil.
A garantia do interesse cultural da proposta está na busca heterogênea de formatos e temas inovadores por parte dos diversos profissionais envolvidos e na abertura para a produção independente.
Há uma ênfase especial aos chamados "entreprogramas", filmes curtos inseridos nos intervalos da programação que se propõem a divertir e prestar serviços de utilidade pública. Essas séries aproveitam o formato bastante televisivo do comercial para exibir programetes de caráter cultural.
O choque pode vir a ser radical. Eder Santos, artista mineiro premiado por suas videoinstalações e conhecido por seus trabalhos em videoarte, vai criar as novas vinhetas e o logotipo da emissora.
Com o filósofo Nelson Brissac, o videomaker deve realizar "Intervalo para Descobrir o Brasil", uma série de 20 "pílulas investigativas". É de sua autoria também a série "É Verão", das poucas novidades que já está no ar.
Hermano Vianna, Paulo Rufino e Eduardo Coutinho são alguns dos realizadores que produzirão documentários sobre o mundo português, sobre a flora e a fauna e sobre identidades brasileiras.
O projeto prevê a reformulação do jornalismo da emissora sob a direção de Alexandre Machado. Os primeiros frutos da nova direção puderam ser apreciados nos especiais de fim de ano. Outro exemplo é o programa "Brasil Debate".
As propostas são em maior número do que pude descrever aqui. Mas a lentidão, a burocracia e a falta de recursos imperam. O governo federal propôs a transformação da TVE em "Organização Social de Direito Público", inaugurando um formato destinado a aproveitar a agilidade e os recursos da empresa privada sem perder o compromisso com o caráter público da programação. Inexplicavelmente o ato ainda não foi promulgado.

E-mail: ehamb@uol.com.br

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